ABC - terça-feira , 30 de abril de 2024

Na guerra Rússia e Ucrânia sanção econômica nunca será eficaz, diz professor

O mundo vive a ansiedade e a instabilidade econômica causadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que já completa mais de um mês de conflito. O assunto é um dos tópicos da nova Carta de Conjuntura da USCS (Universidade de São Caetano), abordado pelo economista e professor Roberto Vital Anav, para quem são ineficientes as sanções econômicas contra a Rússia, aplicadas por países como Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

Para Anav, as sanções econômicas nunca foram eficazes contra ninguém, não foi contra a Venezuela, não foi contra o Irã. “Não tem nada de humanitário na sanção econômica, que não prejudica o Putin, prejudica apenas a população russa”, afirma o docente em História Econômica Global da USCS ao reforçar que as consequências econômicas, que já são sentidas em todo mundo, terão reflexos a médio e longo prazos.

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Professor Roberto Vital é autor da nota técnica sobre conflito entre Rússia e Ucrânia, na 21ª Carta de Conjuntura da USCS (Foto Reprodução)

Para o professor, a busca da Ucrânia por aproximação com a União Europeia e, principalmente, com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) não é adequada. “Acho muito ruim que a Ucrânia tenha pensado em aderir à Otan, é compreensível que a Rússia tenha ficado incomodada com isso, o que não justifica a invasão militar”, aponta Vital.

O economista aponta a aliança entre Otan e Estados Unidos, como instrumento estadunidense para atrelar a União Europeia à política internacional do país, por meio domínio militar, fato que impede maior autonomia do bloco europeu. “Esse propósito, ademais, permite manter amplo mercado para a indústria armamentista dos EUA, segmento estratégico em termos econômicos, geopolíticos e tecnológicos”, analisa.

Além do mercado armamentista, Roberto Vital Anav aponta ganhos pelo setor energético dos EUA por do conflito. ” A exploração do xisto betuminoso dá ao país a liderança mundial na produção de gás natural, para o qual precisa de mercados”, comenta.

Sobre a discussões em relação à guerra, o professor critica a abordagem binária do conflito. “Não há lado certo ou errado, tanto os EUA quanto a Rússia têm interesses nessa guerra. Nenhum dos dois é o bonzinho. Temos de ficar do lado do povo ucraniano, que sofre com a invasão e dos russos que são contra o conflito, são essas pessoas que sofrem”, destaca.

Leia a nota técnica na íntegra: “O último trem para Kiev: Contexto Histórico e Contemporâneo da atual guerra entre Rússia e Ucrânia”.

 

 

 

 

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