ABC - sexta-feira , 9 de maio de 2025

Jack White e o bom e velho rock’n’roll

Jack White carrega consigo muitas faces, mas em uma entrevista como a que ele concedeu ao jornal O Estado de S. Paulo há uma semana, é possível captar nas suas palavras que suas faces não são fruto de preciosismo, falsidade ou mentiras. Pelo contrário, há no seu tom de voz um profundo amor pela música – aspecto que o ajudou a se transformar em um dos músicos mais admirados do mundo pop do século 21.

Ele tem data para pisar no Brasil: dia 15 de novembro, um de seus projetos, o Raconteurs, divide o palco do Popload Festival com Patti Smith, Hot Chip, Khruangbin, Little Simz e outros artistas, no Memorial da América Latina.
É arriscado dizer, mas talvez seja possível que, hoje em dia, o Raconteurs seja a face mais roqueira de Jack White: um quarteto, formado também por Brendan Benson (cultuado músico americano com seis álbuns solos na carteira), Patrick Keeler e Jack Lawrence.

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White é confrontado com a pergunta de se “o rock and roll vai sobreviver mais um ano” desde a virada do milênio, quando o White Stripes liderava o revival do rock de garagem que invadiu as maiores rádios FM do mundo até os menores clubes escondidos, do Lower East Side a Pompeia.

Mas ele é bem-humorado sobre o assunto: “Keith Richards me disse uma vez que sempre tenta achar uma nova resposta para aquela mesma velha pergunta. É parte do trabalho”.

Help Us Stranger, o primeiro álbum do Raconteurs em 11 anos, lançado em junho de 2019, foi direto para o #1 da Billboard nos EUA. Feito admirável para uma banda que passou tanto tempo em hiato amigável e para um lançamento como esse: sem grandes gravadoras, o disco foi lançado pela Third Man Records, icônica casa-gravadora-estúdio de White, e a maior parte das vendas provém do material físico, em vinil.

Mesmo que o álbum não se torne um clássico, alguns momentos dão frescor à vibe setentista da banda. Em Bored and Razed, uma máquina do tempo abastecida com a guitarra marcante de White traz o Led Zeppelin para o século 21. Help Me Stranger se encaixa mais na linha dos seus trabalhos solos recentes, ao misturar excentricidade na produção com truques antigos (como palminhas e um refrão fácil de memorizar). Shine The Light On Me é uma balada de piano potencializada pela entrega vibrante do vocalista, e Whats Yours Is Mine surge de um riff que poderia ser do Dead Weather (outra das bandas do músico), passeando por tons grunge.

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