Enquanto o perfil do emprego tem mudado e feito aumentar a exigência por formação profissional, cenário acompanhado por informalidade crescente e chegada de novas tecnologias para linhas de produção mais eficientes e enxutas em termos de pessoal, a notícia sobre a criação de mil postos de trabalho de uma única vez quase nos faz respirar aliviados e quase nos faz esquecer casos como o da Ford, que já demitiu os trabalhadores da agora extinta linha de produção do Fiesta, em São Bernardo.
A visão do governador João Doria tem conseguido atrair investimentos no Estado, como fez com a China, que vai comprar etanol paulista para abastecer a futura geração de automóveis que terão a tecnologia flex como a dos carros brasileiros.
O mesmo pode acontecer agora com a viagem de Doria à sede da Volkswagen, na Alemanha, juntamente com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando. Lá ambos vão buscar investimentos na fábrica mais emblemática da indústria automotiva brasileira, inaugurada por Juscelino Kubitscheck em 1959. Sessenta anos depois, a unidade continua referência para a América Latina e os novos investimentos trarão receita e, o mais importante, empregos para a região.
Mas a guarda nunca deve ser deixada aberta. A questão da Ford ainda não está resolvida. A prometida negociação com grupo empresarial para manter a fábrica de caminhões não tem novos capítulos há meses, pelo menos não que se tenha notícia.
O acordo com a China deve dar um gás no plantio de cana de açúcar e apontar a necessidade de mais campos para plantio, com redução de espaço para as culturas de arroz, feijão, tomate e outras plantações, o que pode ser ruim para o consumidor, que fica com a conta da logística de trazer os produtos de cada vez mais longe. Mas vamos manter a mente aberta e esperar a boa gestão destas crises. O trabalhador formalmente empregado e com benefícios, como seguro social, é uma necessidade maior neste momento.