Passageiros de ônibus que dependem da utilização dos cartões municipais enfrentam problemas semelhantes na região. Falta de pontos de recarga e dificuldades para renovar cotas, liberar benefícios e emitir os bilhetes são alguns dos desafios encarados frequentemente pelos usuários.
Em São Bernardo, a moradora da Vila São Pedro, Regiane Barreto Batista, tem de recorrer à delegacia de ensino para liberarem o Cartão Legal para a filha, aluna da Escola Estadual Tereza Delta, após duas negativas da empresa. Segundo a mãe, no ato de emissão, foi informada pela empresa que a menina não teria o benefício de estudante (50% de desconto na passagem), uma vez que os alunos da escola possuem serviço de fretado gratuito.
Acontece que o transporte foi disponibilizado apenas aos matriculados até 2016 e, segundo Regiane, não restam vagas para atender os demais alunos. “Neste cenário teria de deixar minha filha em uma escola mais próxima de casa, e não quero”, afirma. A mãe diz ter procurado a empresa diversas vezes com carta emitida pela escola com alegação de que o fretado não atende alunos novos, mas mesmo assim teve o benefício negado. Com isso, Regiane desembolsa ao menos R$ 200 ao mês para a filha ir à escola.
Ainda na cidade, mesmo com o laudo médico que comprova limitações físicas, Irineu José Barroso Neto, 46 anos, foi barrado de obter o Cartão Legal Especial, concedido a pessoas com deficiência. Barroso Neto, que é portador de hipertensão arterial sistêmica e possui limitações físicas, esteve na empresa por duas vezes para emitir o cartão que isenta o pagamento de tarifas, mas mesmo com encaminhamento médico teve o pedido negado. “Disseram que eu não estava apto a receber o benefício. Estranho, pois em outros lugares consegui facilmente”, conta.
Em nota, a Prefeitura de São Bernardo informou que não é possível emitir posicionamento do caso, pois não possui dados pessoais do interessado (RG e CPF). Em casos de negativa de emissão de cartão, orienta impetração de recurso em um dos postos do Atende Bem, para reavaliação.
Pontos de recarga
Um dos questionamentos de quem utiliza o Bilhete Único Andreense é em relação à falta de pontos de recarga nos bairros e interior dos ônibus. A estudante de mecatrônica Jéssica Pirilo, 22 anos, conta que no bairro onde reside, Vila Guarani, é quase impossível renovar as cotas, pois não há ponto de recarga. “Concentram tudo no Centro, deveriam colocar dentro dos ônibus igual em São Paulo”, reclama.
Já o aluno da UFABC (Universidade Federal do ABC), Pedro Theodoro, reclama do tempo de espera. Todo início de ano é preciso correr com a papelada na universidade para que o benefício saia antes das aulas. “Geralmente demora um tempão até aprovarem, e com isso passamos as primeiras semanas de aula pagando passagem”, conta.
Em São Caetano, as reclamações são direcionadas à falta de pontos físicos para recarga de cartões, uma vez que há bilheterias somente no Terminal Rodoferroviário e nas ruas Parapanema e Theobaldo de Nigris. Além disso, a passageira Maria Marcolongo Mello diz não conseguir renovar o cartão de idoso. “A máquina diz que renovou, mas quando vou utilizar dá bloqueado”, conta. Outro problema constante, segundo a autônoma, é em relação à leitura das digitais. “Muitas vezes dá erro de leitura e cria uma fila imensa de pessoas para passar”, acrescenta.
Em Diadema, o problema principal é em relação à venda irregular de cartões de transporte. Nas redes sociais, são inúmeros os anúncios de vendas de cartão com valores que variam de R$ 100 a R$ 300.
No interior dos ônibus em São Paulo é possível utilizar as máquinas de recarga na dianteira do veículo, antes mesmo do validador, o que permite a compra e a recarga de crédito durante a viagem. A medida, na visão da moradora de São Bernardo, Marly Silva de Almeida, ajudaria quem não consegue utilizar o sistema nos terminais. “A maioria das poucas máquinas instaladas precisa de manutenção, quase nunca funciona e, com isso, os cartões ficam inutilizáveis”, afirma. (Colaborou Ingrid Santos)