Os restaurantes da chamada Rota do Frango com Polenta, estão com dificuldades de manter as portas abertas. A crise começou com o fechamento do São Judas, em 2016, que hoje está em novo endereço e se tornou uma franquia. Esta semana começou a circular em redes sociais um texto apócrifo de que o restaurante São Francisco seria o próximo a fechar, em agosto e em dezembro o Florestal encerraria suas atividades, mas as informações não se confirmaram.
Um dos responsáveis pelo restaurante Florestal, Elvio Demarchi, negou taxativamente a possibilidade de encerrar as atividades da casa. Ao contrário disse que ao adotar um novo formato mais focado em eventos, a casa tem obtido bom público. “Estamos com três shows previstos, o Raça Negra em 23 de agosto, Leonardo em 20 de setembro e Roupa Nova em 4 de outubro, todos os shows com ingressos esgotados. Estamos mantendo a programação, que já é uma tradição nossa. Não é verdade o que estão falando de que vamos fechar em dezembro, é fake news”, disse o empresário que completa: “já temos até a programação da Ceia de Natal numa noite com banda nossa e que vai até as 2 da manhã; e tem também o nosso Réveillon também com animação até as 4 da manhã”. A casa tem capacidade para 2,5 mil pessoas e funciona desde 1956. Elvio Demarchi, admitiu porém que para se adequar à demanda, a casa não está abrindo mais para o almoço durante a semana.
A reportagem não conseguiu contato com os responsáveis pelo restaurante São Francisco, estabelecimento com 55 anos de atividade. No entanto o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Hiroyuki Minami, disse ter a informação de que o local deve mesmo fechar. “Os restaurantes vivem uma situação adversa porque a estrutura que vinham mantendo já não condiz com a realidade, com a situação atual. O São Francisco deve mesmo fechar em agosto”, lamentou.
Segundo o secretário a tendência é mesmo que os estabelecimentos mudem o perfil ou reduzam o tamanho de suas operações. “Ali vai ficar mais aqueles com perfil para eventos porque a frequência de público diminuiu bastante. No passado tentamos um roteiro gastronômico envolvendo a avenida Maria Servidei Demarchi, mas não deu muito certo”, disse Minami. Ainda segundo o secretário alguns estabelecimentos já se adequaram, como por exemplo o São Judas, uma das casas tradicionais da rota que foi fundado em 1949, tinha 3 mil cadeiras e que fechou em 2016. Hoje a marca é uma franquia com um formato menor, mas mantendo a tradição do Frango com Polenta. Outro exemplo citado por Minami foi o Restaurante Santo Antônio “que vem se mantendo com uma estrutura mais enxuta”.
O presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC) Roberto Moreira, concorda que o problema é a clientela que diminuiu e os restaurantes enormes ficaram ociosos. “Hoje aquela região tem menos gente circulando, menos empresas, e não são apenas os restaurantes, há vários motéis, tradicionais que estão sofrendo. Estamos vivendo uma crise nacional e esses restaurantes grandes tem uma estrutura muito cara. Temos conversado com esses empresários e também com grupos que tem interesse em investir na região. Uma alternativa seria alguma forma de incentivo, ou alguma ação que atraia consumidores e turistas para a rota, como acontece, por exemplo, com as lojas de móveis da rua Jurubatuba. Essa pode ser uma solução”, aponta.
No entanto, Minami disse que isso já foi tentado e não trouxe o resultado esperado. “Não dá mais para os grandes restaurantes se manterem. É uma questão de momento, antigamente todos lotavam, a gente chegava a ficar horas na fila”, relembra Minami. “Eu já conversei como pessoal do São Francisco e eles estão irredutíveis”, comentou. O secretário diz que uma saída para a rota seria encontrar um investidor capaz de implantar ali um modelo de negócio, ou modelos, para atrair novos consumidores e garantir os empregos. “Lá são muitos garçons, cozinheiros e músicos, que podem perder os empregos, por isso estamos preocupados, mas é mais uma questão de mercado do que de política pública”, finaliza.