O diagnóstico durante o pré-natal e o tratamento correto da sífilis em gestantes e em seu parceiro sexual são decisivos para prevenir a transmissão vertical, quando a doença passa da mãe para o feto no útero ou o recém-nascido no parto. Assim, quando são adotadas as ações específicas para a cura após a descoberta da doença na gravidez, é possível evitar que a criança nasça com a enfermidade ou suas sequelas. De acordo com dados do DataSUS, em Diadema, os casos de sífilis em grávidas passaram de 130, em 2017, para 142, em 2018. Já a sífilis congênita, que é transmitida da mãe para o bebê durante a gestação, no mesmo período, passou de 27 para 31 casos. O aumento dos casos segue uma tendência nacional.
Em 2017, Diadema criou o Comitê Municipal de Investigação de Transmissão Vertical de HIV, sífilis e hepatites virais. De lá pra cá, foi possível melhorar o fluxo de diagnóstico, tratamento e notificações, criar novo protocolo de atendimento e realizar capacitações para profissionais da rede. Atualmente, o município realiza o teste rápido para sífilis no pré-natal e o exame convencional em cada trimestre da gestação.
Parceiro
Quando detectada a doença, é necessário tratar a gestante e o parceiro. O tratamento é feito à base de penicilina e a quantidade de doses varia a cada caso e fase da doença. Embora a prevenção seja simples e o tratamento gratuito nos serviços de saúde, ainda há resistência dos companheiros. “Existem levantamentos, no estado de São Paulo, que apontam que a maioria dos homens não leva a sério o tratamento de sífilis, mesmo após a detecção da doença pela parceira. O acompanhamento das gestantes e dos parceiros sexuais durante o pré-natal são essenciais para o controle da sífilis congênita”, acrescenta Andréia.
De 2009 a 2018, o número de abortos e crianças que nasceram sem vida, em conseqüência da sífilis, chegou a 47. Quando o bebê tem contato com a doença, poderá ter sequelas como surdez, além de problemas na pele e ossos, no sistema respiratório e no desenvolvimento.
População em geral
No ano passado, 409 pessoas receberam o diagnóstico da doença em Diadema. Os dados acompanham o aumento dos casos no país, que saltaram de 21.188 casos de sífilis congênita, em 2016, para 24.668, em 2017.
A doença
Sintomas como febre, dores musculares e de garganta, vermelhidão da pele poderiam passar despercebidos, mas uma ferida indolor na região da genitália, reto ou boca indicam um problema de saúde maior. A sífilis, se não tratada, evolui em três fases. A primeira com uma ferida (cancro duro) que aparece e some em quatro semanas sem nenhum tratamento. A segunda etapa da doença aparece de quatro a seis semanas depois da primeira fase, como uma irritação de pele, que some sem medicamento. A terceira ocorre de três a 12 anos ou mais tarde e pode resultar em danos para cérebro, nervos, olhos e coração.
Prevenção e tratamento
A transmissão se dá por relação sexual sem proteção com uma pessoa infectada ou, de mãe para filho, durante a gestação ou parto. Por isso, o uso de preservativos e o acompanhamento das gestantes e seus parceiros sexuais contribuem para o controle e prevenção da doença. As 20 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade disponibilizam preservativos masculinos e femininos. Para fazer os testes rápidos para detecção da doença em 30 minutos, o morador passa pelo acolhimento com um profissional de saúde.