ABC - terça-feira , 30 de abril de 2024

Peça em Santo André convida para noite erótica sem tabu

Criada, dirigida e narrada por Marco Fentanes, a comédia Erótica – Cabaré Show faz apresentação no Teatro Municipal de Santo André, na Praça IV Centenário, nesta sexta-feira (13), às 20h30. Com intuito de trazer o erotismo ao debate público e quebrar tabus sobre o tema, o espetáculo contém temática para balançar costumes conservadores e questionar a censura sob a arte brasileira.

Em diversos quadros, a peça desconstrói a ideia de que o erotismo deva ser conversado entre quatro paredes e em voz baixa, e o reconstrói como entretenimento inteligente tratado com humor e naturalidade. “A sexualidade é um assunto sadio que deve ser discutido sem preconceitos e a peça conversa com todos que estiverem abertos à diversão com o conteúdo”, pontua Fentanes.

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O Erótica renasceu nos teatros paulistas, especificamente no Espaço Parlapatões, 30 anos após a primeira versão, e voltou em cartaz este ano. Santo André será um dos primeiros destinos e, após mais uma temporada em São Paulo, sairá em turnê nacional. “Ainda não viajamos muito. Santo André chamou atenção pelo estilo do teatro, mas com a turnê pretendemos atingir todo o ABC”, afirma.

A remontagem conta com números de mímica, danças burlescas, musical com flautas e MPB, teatro negro e mágica. Para os integrantes da plateia que se sentirem à vontade, uma das surpresas é o show de strip-tease. O elenco é formado por Paula Bellegard, Livia Prestes, Laya, Aquele Mario, Esdras De Lúcia e o próprio Fentanes, que conduzirá a noite como mestre de cerimônia.

Mergulhar no erotismo como pano de fundo, por outro lado, traz desafios aos organizadores, devido às restrições financeiras, um deles o tema, tabu na sociedade e que limita os patrocínios. Segundo Fentanes, as dificuldades são reais e a cultura, no geral, enfrenta muitas barreiras. “O glamour fica por conta dos filmes e novelas. Fazemos por raça e porque existem artistas com muita vocação”, desabafa.

Mesmo com diversos obstáculos impostos para trazer arte e conscientização, o tema da peça não perde a importância. Para o diretor, a insistência na abordagem se deve à urgência do assunto. “Esse tema está em extrema evidência hoje e é obrigação do teatro trazer isso à tona, com humor ou não”, dizi Fentanes.

Espetáculo tem contexto histórico

Originalmente feita como teatro de revista, a peça é releitura do Erótica – Tudo Pelo Sensual, criado há 30 anos no Mambembe, extinto teatro paulistano, de mesma direção, com a atriz Ângela Dippe. O título fazia referência ao bordão do governo José Sarney (1985-1990), “tudo pelo social”, provocação à era e resistência aos anos de ditadura militar. “Estávamos no auge da redemocratização e as expectativas eram de que o País voltasse aos eixos. Sonhávamos grande, achando que a arte seria enfim livre e valorizada”, conta Fentanes.

Como referência, a peça traz um dos textos utilizados em 1985, O Pequeno Monstro, da obra literária Os Dragões Não Conhecem o Paraíso, de Caio Fernando de Abreu. O escritor frequentava o Mambembe e por isso ofereceu o conto para um dos atos do Tudo Pelo Sensual, encenado pela atriz transexual Claudia Wander, que levantou a bandeira da causa LGBT, inspirada na história do garoto de 15 anos que se enxergava como monstro por não compreender a própria sexualidade.

“A figura da Claudia é muito relevante para a mensagem. A atriz transexual no Cabaré Show é uma homenagem a ela, além de um modo de alarmar sobre a violência com a população LGBT no Brasil e prosseguir com a discussão de gênero que é essencial”, destaca.

Serviço:
Erótica – Teatro Municipal de Santo André – Praça IV Centenário, 1. Centro. Sexta-feira (13), às 20h30. Ingressos: R$ 60. Telefone: 4433-0789.

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