Prestes a completar dois meses como prefeita em exercício de Mauá, Alaíde Damo (MDB) teve uma participação relâmpago na sua primeira entrevista coletiva: 1 minuto e 17 segundos. A emedebista era aguardada na tarde desta quinta-feira (12) para explicar as razões que a levaram a assinar o decreto de calamidade financeira na semana passada, porém, apenas fez uma explanação inicial e se retirou do auditório do gabinete.
Alaíde justificou a aparição rápida por conta do falecimento da cunhada – irmã do marido e ex-prefeito Leonel Damo (sem partido) –, que seria enterrada nesta quinta-feira. Ao tomar a palavra, a prefeita em exercício destacou a sua preocupação com a crise nos serviços públicos de saúde, porém, não aprofundou detalhes sobre as dívidas que a motivou a assinar o decreto de calamidade financeira.
“Estou aqui como prefeita e quero dizer a vocês que estou lutando, principalmente pela saúde, porque os nossos munícipes são pessoas humildes que não têm como pagar um plano de saúde. Então estou focada nessa área, indo para São Paulo, indo para Brasília, para resolver esse e outros problemas. Tudo é uma questão de humanidade (…). Estamos trabalhando e tentando equilibrar tudo. Esforço não falta para nós”, declarou.
A presença Alaíde não era certa mesmo antes da coletiva, que no fim foi encabeçada pelos secretários Antônio Carlos de Lima (PRTB, Governo e interino de Saúde), Valtermir Pereira (Finanças) e Rogério Babichak (Justiça e Defesa da Cidadania). Minutos antes das explicações sobre o decreto, houve o comunicado de que a prefeita em exercício, em posse do cargo desde 15 de maio, faria um pronunciamento rápido.
Desde que passou a comandar Mauá, Alaíde não participou de agendas públicas na cidade, apesar de viagens a São Paulo e Brasília, em encontros com o governador Márcio França (PSB) e o presidente Michel Temer (MDB). A única entrevista da emedebista como prefeita interina ocorreu em 17 de maio, em frente à sua residência, após abordagem das equipes do RD e do Diário do Grande ABC.
Originalmente vice-prefeita, Alaíde assumiu a chefia do Executivo em decorrência da prisão do prefeito afastado Atila Jacomussi (PSB), em 9 de maio, pela esteira da Operação Prato Feito, da PF (Polícia Federal). O socialista foi detido por suspeita de lavagem de dinheiro, devido à apreensão de R$ 87 mil em notas vivas na cozinha de seu apartamento, sem comprovação de origem lícita naquele momento.
Atila retomou a liberdade em 15 de junho, por meio de concessão de habeas corpus do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Entretanto, o desembargador federal do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) José Lunardelli impôs liminar impedindo que o socialista reassumisse o cargo e frequentasse os espaços administrativos do governo, por tempo indeterminado.
Por ora, Atila tenta recorrer da decisão no próprio TRF-3, porém, o recurso está sob análise do desembargador federal Maurício Kato, responsável pelo decreto da prisão preventiva do socialista. Por ora, o grupo político de Alaíde já fala em “governo novo com caras novas” e afastou secretários indicados pelo socialista, assim deixando aliados em 2016 como rivais políticos neste momento em Mauá.