Com contrato de prestação de serviços na rede de saúde em Mauá previsto para terminar ao fim deste mês, a FUABC (Fundação do ABC) promoveu nesta terça-feira (12) cinco demissões no Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini. Os desligamentos tiveram como alvos as indicações do prefeito afastado Atila Jacomussi (PSB), preso há cinco semanas, por meio da Operação Prato Feito, da PF (Polícia Federal).
As demissões foram determinadas pela presidente em exercício da FUABC, Adriana Berringer Stephan, e atingiram os cargos de diretor administrativo, diretor financeiro, gerente de gestão de pessoas, gerente de enfermagem e supervisor de comunicação. Por meio de nota, a entidade regional justificou a medida como forma de garantir a autonomia de gestão na unidade hospitalar.
Ainda em comunicado oficial, a FUABC atrelou os cortes na unidade hospitalar a um processo de reestruturação interna dos colaboradores no complexo de saúde de Mauá e por redução de gastos dos quadros administrativos. Por outro lado, a organização assegurou que os serviços no Nardini não foram prejudicados e que a presidente interina já deslocou uma nova equipe às ocupações.
A gestão Atila era conhecida por suas ingerências no setor em Mauá. Por esse motivo, o governo perdeu dois secretários de Saúde: Márcio Chaves (PSD), que saiu em dezembro para assumir a mesma função em Santo André; e Ricardo Burdelis, o qual permaneceu apenas 51 dias no cargo, de março a abril. Entre os dois titulares, o secretário de Justiça e Defesa da Cidadania, Rogério Babichak, respondia interinamente pela Pasta.
As intervenções do prefeito também ocorriam no Nardini, que chegou a ter quatro superintendentes na gestão do socialista: ex-secretário de Saúde e Higiene de Ribeirão Pires Ricardo Carajeleascow, Renata Martello e Vanderley da Silva Paula – que admitia a colegas problemas com as ingerências de Atila. Atualmente, o posto é ocupado por Antonio Carlos Marques, também designado pelo Paço.
No entanto, as demissões promovidas por Adriana refletem um tom mais duro da FUABC com Mauá, desde a indicação do ex-secretário estadual de Saúde David Uip como novo presidente da organização – em substituição a Carlos Maciel, também alvo da Operação Prato Feito. A entidade voltou a cobrar publicamente a dívida que já supera R$ 128 milhões, com ameaça de execução fiscal.
Além de pressionar Mauá por um planejamento para quitação do passivo, Uip afirmou que pretende acionar o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) a fim de apurar o convênio entre as partes. Desde então, o governo da prefeita em exercício Alaíde Damo (MDB) passou a adotar um tom mais pacifista com a entidade, tentando um novo aditivo por até 90 dias de serviços, enquanto busca a renovação definitiva do contrato.
Atila está preso desde o dia 9 de maio, por suspeita de lavagem de dinheiro, em decorrência da apreensão de R$ 87 mil sem origem justificada, apesar de a defesa atestar a legalidade da quantia. O prefeito afastado espera pela decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes sobre o pedido de habeas corpus, para que possa responder às acusações em liberdade e no exercício de chefe do Executivo.