Prestes a completar um mês na cadeia, o prefeito afastado Atila Jacomussi (PSB) escapou nesta terça-feira (5) do segundo pedido de abertura do processo de impeachment, protocolado pela Rede Sustentabilidade na Câmara dos Vereadores, há uma semana. O placar foi de 20 votos a dois, porém, com o primeiro governista a favor da cassação: Gil Miranda (PRB), que acompanhou o oposicionista Marcelo Oliveira (PT).
A aparente folga de Atila já esconde o clima de desconfiança dentro da base aliada no Parlamento, que aguarda a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes sobre o pedido de habeas corpus. O socialista foi preso em 9 de maio, na esfera da Operação Prato Feito, da PF (Polícia Federal), que apura esquema de corrupção em serviços de merenda, uniformes escolares e materiais didáticos.
Exatamente pela espera por Gilmar Mendes, o placar pela abertura ou arquivamento de uma comissão especial de impeachment não foi mais apertado. O ministro do STF deve tomar o veredito nos próximos dias, uma vez que já recebeu todas as informações solicitadas sobre a prisão preventiva de Atila ao TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), à PGR (Procuradoria-Geral da República) e a outros órgãos.
Em meio ao clima de indecisão, há a certeza de que o governo Atila acaba se Gilmar Mendes não deliberar o habeas corpus, mesmo que esteja sob licença, prevista para acabar no dia 23. Caso esse cenário se concretize, a prefeita interina Alaíde Damo (MDB) tomará definitivamente as rédeas da administração municipal e deverá exonerar o quadro de aliados do socialista, para dar espaço ao seu pessoal de confiança.
Outro sinal de enfraquecimento de Atila foi o pedido isolado do pai e presidente do Parlamento, Admir Jacomussi (PRP), em alterar a Lei Orgânica do Município, a fim de ampliar o limite de 30 dias de licença para o prefeito (leia mais). Apesar de contar com a solidariedade dos colegas, nenhum vereador da base aliada está disposto a atender a esse desejo, temendo um grande desgaste público por conta da manobra.
Inicialmente, Atila foi conduzido à superintendência regional da PF, na Lapa, zona oeste de São Paulo, após os agentes federais encontrarem R$ 87 mil em notas vivas na sua residência. Sem convencê-los sobre a origem da quantia, o socialista foi preso por suspeita de lavagem de dinheiro. Na semana passada, o prefeito licenciado sofreu outro golpe, ao ser transferido para penitenciária em Tremembé, interior paulista.
O voto favorável de Gil Miranda pela abertura do processo de impeachment pode preceder a um terceiro pedido de cassação, desta vez pluripartidário, na próxima semana, no qual o PRB estaria incluso. Nos corredores do Legislativo, outros vereadores já não mantêm, com a mesma ênfase, o discurso de defesa ao prefeito afastado e optam pela cautela.
Há três semanas, Atila conseguiu superar o primeiro pedido de abertura da comissão de impeachment, protocolado pela executiva municipal do PT. Na ocasião, o placar foi 20 a um, com voto isolado de Marcelo – o governista Ricardinho da Enfermagem (PTB) estava ausente naquela sessão.