Em 16 meses no governo do prefeito licenciado de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), o ex-secretário de Governo e de Transportes João Gaspar (PCdoB) recebeu no total de R$ 192,4 mil em salários brutos, visto que o vencimento base de um integrante do primeiro escalão é de R$ 12 mil. No entanto, o montante representa apenas 32% da soma do valor apreendido pela PF (Polícia Federal) em sua residência: R$ 601,4 mil.
Gaspar está preso na superintendência regional da PF, na Lapa, zona oeste de São Paulo, desde o dia 9, por suspeita de lavagem de dinheiro, ao não conseguir justificar a origem de R$ 588,4 mil e € 2,9 mil (equivale a R$ 12,9 mil) em notas vivas. No mesmo local, Atila também se encontra atrás das grades pela apreensão de R$ 87 mil em espécie na sua casa. Ambos foram encarcerados por meio da Operação Prato Feito.
Por essa razão, ao somar todos os vencimentos de Gaspar, sem considerar os descontos na folha de pagamento, gastos com aluguel da residência e outras despesas do dia a dia, a quantia representa apenas um terço do valor flagrado pela PF. Responsável pela prisão preventiva, o desembargador do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) Maurício Kato observou que a “vultuosa” quantia não é sequer justificada pela renda declarada do comunista.
Segundo relatório de 354 páginas da delegada da PF Melissa Maximino Pastor, Gaspar teria relação próxima a Carlos Zeli Carvalho, conhecido como Carlinhos, um dos integrantes do cartel investigado. Em 2016, o ex-secretário seria lobista do empresário, para casar seus interesses com as prefeituras de São Sebastião e Peruíbe no ano seguinte, com candidatos favoritos naquelas eleições e posteriormente eleitos prefeitos.
No mesmo ano, quando era alocado no gabinete de Atila, no exercício do mandato de deputado estadual, Gaspar recebeu R$ 138 mil por intermédio de Carlinhos, com o socialista como destinatário final. Em troca, o empresário seria favorecido em licitações futuras em Mauá. Em 2017, o governo contratou a empresa Reverson Ferraz da Silva ME, por R$ 8,3 milhões. De acordo com o relatório da PF, a terceirizada tinha como responsável Leandro de Carvalho, vulgo Bode, irmão de Carlinhos.
O RD entrou em contato com o advogado de Gaspar, Elizeu Soares Lopes, para informar como estão os trâmites da defesa e explicar o dinheiro encontrado na casa do cliente. No entanto, não houve retorno até o fechamento desta matéria.