Desde janeiro, a população com deficiência no ABC conta com os serviços do Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil para entrar no mercado de trabalho. Até março foram confirmadas 30 efetivações em vagas formais de emprego na região. O instituto é uma ONG (organização não governamental) que existe desde 2002. O projeto – atualmente desenvolvido em Santo André, São Bernardo e Mauá – teve início em 2015 na cidade de São Paulo, em parceria com o Pronas/PCD (Programa Nacional de Atenção à Saúde das Pessoas com Deficiência) do Ministério da Saúde. Não há custos para as pessoas com deficiência e para as empresas.
O diferencial é a metodologia do emprego apoiado. “Independentemente da deficiência que a pessoa tenha, ela é inserida no mercado de trabalho e passa a contar acompanhamento de um técnico de emprego apoiado“, explica Lourdes Ventura, coordenadora do programa, em entrevista ao canal RDtv.
Técnico de Emprego Apoiado, Paulo César de Jesus detalha que o trabalho consiste em assessorar e orientar o deficiente a partir do momento da contratação até quando estiver em condições de seguir sozinha com as atividades. “Analisamos habilidades, conhecimentos e potencialidades dessas pessoas e levamos para as empresas parceiras. O emprego apoiado é uma tecnologia social e inovadora, trazida dos Estados Unidos e da Europa”, conta.
Contexto
A avaliação é a de que o modelo de parceria beneficia não só os trabalhadores, mas serve de suporte para as próprias empresas, uma vez que são os próprios técnicos de emprego apoiado que treinam e capacitam as pessoas com deficiência no posto de trabalho. “Permanecemos até que o profissional conquiste autonomia e retornamos caso a empresa solicite. O objetivo é que retenha o funcionário por, no mínimo, dois anos no mercado formal”, comenta Paulo César de Jesus.
O trabalho do técnico apoiado começa no levantamento dos perfis dos candidatos e passa também pela presença nas entrevistas de emprego, segundo Lourdes. “Esse projeto além de dar apoio, quebra barreiras que a sociedade constrói, pois não é a deficiência que atrapalha o desenvolvimento do trabalho. Há empresas que empregam, mas a pessoa com deficiência, muitas vezes, não encontra o devido respaldo, acaba desmotivada e sai. Damos sugestões para o melhor desenvolvimento das atividades”, diz.
A atual legislação brasileira determina que empresas que tenham 100 funcionários, no mínimo, disponibilizem vagas para pessoas com deficiência. “Dialogamos com as empresas no intuito de ir além da lei de cotas. Para que no futuro não seja necessária uma lei para inserir pessoas com deficiência no mercado de trabalho, mas que elas possam participar em pé de igualdade com as demais”, torce Paulo.
Como o projeto ainda é recente no ABC – região com cerca de 250 mil deficientes, segundo levantamento, a maioria fora do mercado de trabalho por absoluta falta de oportunidades -, o ITS Brasil trabalha para alcançar visibilidade. Contatos têm sido feitos não só com as empresas, mas com entidades regionais, ONGs e o poder público. “A receptividade tem sido muito boa”, comemora Lourdes.