Após receber o pedido de desligamento, o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), conversou com o secretário municipal de Saúde, Márcio Chaves (PSD), para tentar removê-lo da ideia e pelo menos para seguir no cargo até nesta segunda-feira (04/12), quando ocorre mais uma reunião com integrantes da FUABC (Fundação do ABC). O responsável pela Pasta alega a pessoas próximas que sofre ingerência externa do núcleo duro do governo.
Márcio Chaves comunicou a vontade de se exonerar do cargo na quinta-feira (30), momentos antes de Atila se reunir com o vice-governador Márcio França (PSB), em São Paulo. A pretensão do titular da Pasta era definitivamente desembarcar do Paço no dia seguinte, mas foi convencido pelo prefeito e também pelo secretário de Governo, João Gaspar (PCdoB), a permanecer até o início da próxima semana.
O secretário estaria insatisfeito com a falta de poder dentro da Saúde em Mauá. Um exemplo da crise é as indicações do titular da Pasta para novo superintendente do Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini, todas ignoradas pelo núcleo duro do governo. O futuro ocupante do cargo substituirá Vanderley da Silva Paula, que solicitou em outubro o desligamento por motivos de saúde e também dificuldade de adaptação do modelo de gestão municipal.
Nesta segunda-feira, Márcio Chaves deve participar junto com Atila a roda de negociações com a FUABC a respeito da dívida do município. A instituição chegou alegar que espera R$ 123 milhões em débitos, mas a gestão mauaense afirma que o valor não passa por R$ 38 milhões. Também é discutido o formato do novo aditamento entre a administração e a entidade na Saúde da cidade, que entrará em vigor a partir de fevereiro.
O possível desligamento de Márcio Chaves é mais um desdobramento da crise na Saúde em Mauá, que resultou na demissão de 516 funcionários da FUABC, que, em parte, ainda esperam receber as verbas rescisórias e outros direitos trabalhistas. A entidade diz que todos os afastamentos foram feitos de forma unilateral pelo Paço.
Outro exemplo de fissuras está no Nardini, administrado pela FUABC, a qual tem o poder de escolher o nome do futuro superintendente da unidade. Antes de Vanderley, o comando do equipamento passou pelas mãos do ex-secretário de Saúde e Higiene de Ribeirão Pires Ricardo Carajeleascow, até ele pedir o afastamento. Em seguida, Renata Martello passou pelo posto, mas também se demitiu.
Segundo informações dentro do governo, os desligamentos foram motivados por ingerências, principalmente da diretora administrativa e financeira do hospital, Lucy de Souza Lima, ligada ao Atila.
Márcio Chaves e o João Gaspar foram procurados pela reportagem, mas ambos não foram localizados.