O que era para ser uma sessão tranquila acabou virando uma verdadeira discussão de relação na base governista de Mauá. Durante os trabalhos desta terça-feira (19), na Câmara, os vereadores não reagiram bem a “cobrança” do líder do governo, Professor Betinho (PSDC), e passaram a discutir o papel dos legisladores de situação na Casa.
Também durante a sessão, o vereador Manoel Lopes (DEM) fez denúncias em relação a falta de ônibus no município, acusando a Suzantur de não cumprir o contrato de licitação.
A celeuma começou quando Marcelo Oliveira (PT) começou a falar sobre seu posicionamento na Casa como oposicionista. Betinho aproveitou e na sequência passou a cobrar os vereadores da base de sustentação para que deixem claro quem é de “oposição” ou de “situação”. “Seria bom que aproveitemos as reuniões da base para falar sobre o assunto. É muito bom deixar claro esse posicionamento para saber quem está e quem não está ao lado do governo”.
Bastou isso para que boa parte dos legisladores resolvesse fazer as suas reclamações. “Daqui a pouco vão exigir que todos os vereadores tirem fotos com uma placa dizendo se é oposição ou situação. Eu, sinceramente, não sei, hoje eu não. Eu e Chiquinho (do Zaíra), somos independentes, pois eu quero ver até onde esse governo vai. Agora, o fato de ser da base ou oposição, não importa, pois quando tem algum tipo de problema, nós temos que falar, temos que denunciar”, disse Ivan Stella (Avante).
Mesmo declarando apoio ao prefeito Atila Jacomussi (PSB), os demais vereadores fizeram coro a fala de Ivan, afirmando que a obrigação da Câmara é fiscalizar o Poder Executivo e levar os problemas. E no caso das votações, votar a favor ou contra, dependendo de sua opinião pessoal sobre cada caso. “Apoiamos o governo e pronto, mas temos que ter coerência com o nosso papel”, completou Bodinho (PRP).
Denúncia
O vereador Manoel Lopes denunciou a Suzantur, empresa responsável pelo transporte público em Mauá – área na qual é um dos principais motivos de reclamação dos vereadores, junto com a Saúde. O democrata afirmou que apesar da empresa afirmar que existem 248 ônibus circulando no município, na verdade apenas 221 estariam realmente disponíveis, pois os demais estão fora de circulação ou atendem a região da Vila Luzita, em Santo André, por causa de um contrato emergencial.
“Não é de hoje que eu estou fazendo essa apuração com a minha equipe. Fomos atrás tiramos fotos. Quando eu falo, eu falo com documentos e foi isso que aconteceu. Agora, não tem ninguém que me convença que tem 248 ônibus em Mauá. Isso é uma amostra do péssimo serviço da Suzantur, eu não consigo entender como o governo se esforça tanto e não tem uma ajuda deles”, afirmou.
A denúncia acabou dando mais gás para o debate da base aliada. Lopes chegou a afirmar que não receberia “ameaças” por causa do assunto. O presidente da Casa, Admir Jacomussi (PRP), tentou apaziguar os ânimos, dando razão as denúncias dos vereadores, mas também cobrou que as questões boas do governo de seu filho fossem faladas durante as sessões.
Bastidores
Apesar da cobrança, o problema da base de sustentação em Mauá não é com o prefeito, mas sim com o secretário de Saúde, Márcio Chaves. Semana sim, semana não, a situação vem reclamando ferozmente de problemas em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e do Hospital Nardini. Outro problema, considerado por muitos como o principal, é a falta de comunicação com Chaves que não atende os legisladores.
Sem deixar explícito, Ivan Stella chegou a dizer que pretende investigar o que acontece no segundo andar da Prefeitura. Segundo informações dos bastidores, pessoas que estão com problemas com a marcação de exames e consultas estão pedindo ajuda diretamente no gabinete do prefeito Atila Jacomussi e são atendidas, algo que não acontece quando procuram o chefe da pasta da Saúde.