O uso do aparelho auditivo pode ser, em um primeiro momento, difícil para adaptação. Além de aceitar que já não é possível ouvir como antes, o usuário deve se acostumar com um objeto dentro do ouvido que reproduz sons mais altos e nítidos. A sensação pode causar estranheza, o que é normal. Faz parte do processo de adaptação à nova forma de ouvir.
Após passar o período de adaptação, os benefícios são nítidos. Em muitos casos, pessoas que antes estavam depressivas por não conseguirem se comunicar como queriam, passam a reagir e a sair até mesmo de quadros depressivos.
De acordo com os dados registrados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010, cidadãos com deficiência auditiva representam 1,1% da população brasileira, sendo mais comum em pessoas brancas (1,4%) do que em pessoas negras (0,9%). Segundo a pesquisa, 0,9% da população brasileira ficou surda em decorrência de doença ou acidente, no entanto 0,2% já nasceu surdo.
Do total, 345 mil brasileiros (21% da população) são deficientes auditivos e apresentam grau intenso e/ou muito intenso de dificuldade. Desse universo, 90 mil não conseguem ouvir de modo algum e 1,4 milhão apresentam algum tipo de dificuldade. No entanto, a maioria protela a ida ao médico e fica sem ouvir direito, o que pode agravar o grau e causar deficiência auditiva, provocando isolamento ou abandono de atividades habituais.
Fabiana dos Reis Ratis, fonoaudióloga da Daron, empresa que atua no segmento de equipamentos e aparelhos auditivos em Santo André, afirma que normalmente a pessoa que desconfia sofrer de deficiência auditiva procura ajuda porque acha que tem excesso de cera no ouvido e, quando avaliado pelo otorrino, faz o exame de audiometria para descobrir se possui algum grau de deficiência. Hoje ainda há resistência ao uso do aparelho, mas quando a pessoa passa a usar percebe os benefícios, como a diferença na audição e a melhora na qualidade de vida. O usuário passa ver o mundo de outra forma, garantem os especialistas.
Fabiana diz que a deficiência auditiva nos jovens aumentou pelo uso constante de fones de ouvido e abuso nas festas. “Os jovens se excedem no uso de aparelhos de som e comprometem a audição. Embora a conscientização também esteja maior, há os que abusam da potência, e fazem aumentar significativamente os casos de deficiência”, diz.
Novidades – Com o desenvolvimento da tecnologia, a adaptação ao aparelho auditivo é cada vez mais rápida. O que antes era analógico, hoje é digital e aceita conexões bluetooth, música, atendimento telefônico, e há grande diversidade de modelos de próteses auditivas, entre elas pequenas, discretas, com design moderno, adequados aos graus de deficiência, algumas delas invisíveis no ouvido, intracanais, o que torna a adaptação mais fácil.
Embora ainda haja preconceito sobre o uso de aparelhos, que custam a partir de R$ 1,8 mil, os fabricantes têm se preocupado mais com a estética e diminuição das próteses para facilitar a adaptação. “É essencial o uso do aparelho para a redução do declínio cognitivo. Se recusar a utilizar pode causar perda severa da audição, dificuldades de compreensão e até mesmo isolamento por não conseguir interagir. A busca por ajuda profissional no início da perda torna a correção da audição e adaptação ao aparelho mais fácil”, explica a fonoaudióloga Cíntia Lima, da Aura, que também comercializa aparelhos em Santo André.
Aura – telefone: (11) 2379-8608
Daron – telefone: (11) 4427-6899