Após onda de assaltos ao redor e no interior da estação Utinga, linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), em Santo André, os passageiros reclamam constantemente da falta de segurança e base comunitária na área. Em busca de uma solução, moradores se uniram e protestaram na rede social do vereador de Santo André, Ronaldo de Castro (PRB), que apresentou requerimento e quatro indicações no dia 18 de outubro com relação aos questionamentos realizados pela população.
Para a estudante de jornalismo da Universidade Municipal de São Caetano, Juliana Pereira, 20 anos, que utiliza o transporte diariamente para se deslocar até a faculdade, a insegurança já tornou-se falta de respeito com o usuário. “Necessitamos de segurança ao sair e entrar na faculdade, mas não existe qualquer policiamento. Já fizemos abaixo assinado, ligamos na PM (Polícia Militar), Prefeitura, mas não adianta. Algumas vezes colocam uma viatura que apenas passa no local. No entanto, duas faculdades estão próximas da estação, o que torna a necessidade de segurança nos arredores ainda maior”, conta.
Já a usuária Mariele Rojas conta que a preocupação que antes era “do lado de fora”, hoje é no interior da própria estação. “Um dia desses cheguei na estação de Utinga pra pegar o trem e uma estudante estava chorando porque tinha sido assaltada a mão armada na plataforma. E os garotos saíram correndo e os seguranças da CPTM não conseguiram deter o bandido. Quando eu passava a catraca achava que não corria mais riscos, é uma vergonha”, reclama.
De acordo com o vereador Ronaldo de Castro (PRB), o requerimento foi encaminhado ao comandante do 10°BPM após muitas reclamações em sua rede social. “Recebi uma chuva de reclamações sobre a violência em excesso nos arredores da estação. Deste modo, solicitei que o policiamento nas imediações das ruas Varsóvia, Búfalo, Avenida dos Estados e na passarela próximo a estação, seja reforçado diuturnamente”.
A linha que transporta aproximadamente 300 mil usuários ao dia registra ainda problemas de infraestrutura e acessibilidade como a falta de rampas de acesso para deficientes físicos e falta de baldeação para os usuários, que devem se deslocar até a próxima estação para não pagar a tarifa de R$ 3,80.
A Prefeitura de Santo André alega que a Guarda Civil Municipal auxilia a Polícia Militar no patrulhamento preventivo nas imediações das estações ferroviárias e rodoviárias da cidade, por meio de rondas especializadas. Em relação aos assaltos dentro da estação, a Prefeitura informa que a mesma possui polícia ferroviária, incluindo a Polícia Militar para as áreas externas.
Questionada sobre as constantes reclamações, a Polícia Militar afirma que após o levantamento dos indicadores das ferramentas de pesquisa, constatou-se o aumento dos indicadores criminais nas áreas, entretanto, a fim de minimizar o problema e assegurar a sensação de segurança dos cidadãos, todos os logradouros adjacentes ao local estão inseridos no Cartão de Prioridade de Patrulhamento e as ações de policiamento serão intensificadas.
Esclarece ainda que incidentes no interior da estação são de responsabilidade da própria Companhia de Trens Metropolitanos, que por sua vez não respondeu com as medidas a serem tomadas em relação a segurança nas estações e solicitou contato diretamente com a Secretaria de Segurança Pública.
Abandono da base
No início deste ano, a equipe do RD esteve na base desativada da GCM na divisa de Santo André com São Caetano na avenida Goiás, e constatou que as instalações além de estarem abandonadas foram depredadas. O local permanece sujo, aberto e coberto por matos.
Os alunos e moradores não são os únicos prejudicados. Branca Lilian Gama, proprietária da lanchonete Casa Branca localizada na avenida da Paz, em Santo André, conta que já foi vítima de assalto diversas vezes, no entanto, tem medo de denunciar. “Já fui assaltada diversas vezes. Da primeira vez, além de assaltar o bar levaram meu carro. Tenho medo de denunciar, pois ameaçam voltar e nos matar”, conta.