Ensino médio fica estagnado no País; rede particular tem seu pior resultado

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) dos alunos brasileiros do ensino médio está estagnado desde 2011 e abaixo da média estipulada pelo Ministério da Educação (MEC). Dados divulgados na quinta-feira, 8, pelo ministro Mendonça Filho revelam, ainda, que o ensino médio da rede privada teve o pior desempenho desde o início da série histórica do indicador, iniciada em 2005.

O Ideb é o principal índice de desempenho da educação básica brasileira. É formado por dois componentes: a aprendizagem em Matemática e em Língua Portuguesa e a taxa de fluxo (aprovação, reprovação e abandono escolar). Divulgado a cada dois anos, avalia alunos do ensino fundamental e do médio públicos e privados. Foram projetadas metas para cada edição, até 2021, segundo o ponto de partida de cada rede.

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Em 2015, apesar de 18 Estados terem aumentado seu índice em relação a 2013 (contando rede pública e privada), apenas Amazonas e Pernambuco conseguiram alcançar a meta estabelecida pelo MEC. Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rondônia, Sergipe e Tocantins mantiveram a mesma nota, enquanto Goiás, Minas, Rio Grande do Sul e Santa Catarina registraram piora.

Vergonha
Considerando todo o Brasil, o indicador está em 3,7 no ensino médio, configurando o maior gargalo do ensino básico no País. Em 2013, o objetivo era alcançar 3,9; no ano passado, 4,3. “São índices absolutamente vergonhosos para o Brasil”, resumiu o ministro. Ainda assim, ele garantiu que o governo não cogita diminuir as metas e emendou uma piadinha, parodiando a ex-presidente Dilma Rousseff. “Não vamos diminuir nem dobrar a meta.”

De acordo com dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), um dos braços de cálculo do Ideb, o desempenho em Matemática é o pior desde 2005. Os avanços na área de Língua Portuguesa também andaram a passos lentos da última década para cá.

No recorte da rede estadual de ensino médio, que inclui 6,8 milhões de alunos (mais de 85% do total do País nessa etapa), o índice aumentou pouco: de 3,4 para 3,5. Outros dois Estados – além de Amazonas e Pernambuco – tiveram rendimento satisfatório: Goiás e Piauí. O restante ficou aquém do esperado.

Apesar de, no geral, concentrar alunos com maior nível socioeconômico, o que costuma levar a desempenho escolar mais alto, a rede privada também teve mau resultado. A nota geral dos alunos de escolas privadas recuou de uma avaliação para outra, de 5,4 para 5,3. Nesse universo, só um Estado bateu a meta: Roraima.

Desafios
O presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed), Eduardo Deschamps, defende flexibilização do currículo, expansão dos colégios com jornada integral e integração com a educação técnica. “Isso já é feito no mundo inteiro. Precisamos começar logo no País porque demora para ter resultado”, diz. “Não é um problema de gestão pública ou privada. É uma dificuldade estrutural por causa do modelo do ensino médio”, avalia.

Amábile Pacios, da Federação Nacional de Escolas Particulares, também atribui a nota fraca ao currículo engessado. “São conteúdos extensos. Para dar conta de tudo, seria necessário trabalhar em todas as escolas em período integral.”

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