O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), não escondeu sua irritação em torno da maneira em que foi fechado a antecipação do repasse de recursos da repatriação aos municípios feito pelo Governo Federal na última quinta-feira (29). Para o petista, as Prefeituras receberam um “golpe” da União, liderada pelo presidente Michel Temer (PMDB). Marinho também comentou sobre as justificativas do Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para acreditar na recuperação da economia brasileira a partir do próximo ano.
“Houve um verdadeiro golpe do Governo Central com os municípios. Primeiro em tratar de forma diferente os estados e os municípios. Segundo, fazer uma medida provisória para passar no dia 30, um dia que não tem expediente bancário. Terceiro, ao fazer isso, se fato cumprisse que entrasse a 0h do dia 30, mas os DOCs (Documentos de Créditos) só farão isso hoje a partir das 12h, ou seja, sem que isso vire uma possibilidade de pagamento para qualquer fornecedor”, afirmou.
Para o petista, não vai prejudicar São Bernardo, mas sim alguns municípios que estão com pagamento de salários e do 13º atrasados devido à crise financeira. A União prometeu que depositaria o repasse de R$ 4,4 bilhões até está sexta-feira (30). Porém, como o expediente bancário foi até a última quinta, muitos prefeitos consideram que o dinheiro só chegará no ano que vem.
Segundo a Agência Brasil, para garantir o cumprimento do prazo, “a Federação Nacional de Prefeitos (FPF) e o PSB ingressaram no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) com pedido de liminar questionando um dos artigos da medida provisória da partilha da multa da repatriação com os municípios que possibilitaria o repasse apenas em 1º de janeiro”.
Economia
Ao ser questionado sobre o posicionamento de Henrique Meirelles sobre a projeção econômica do país para o próximo ano, Luiz Marinho afirmou que não sente firmeza da posição do ministro de que o Brasil vai entrar em recuperação a partir de 2017. Para o petista, não existem “ingredientes” para que o plano possa dar certo.
“Não sei se os números, nessas estatísticas que ele (Meirelles) enxergou um processo de recuperação, porque você tem conceitos por trás disso, se quem ficou desempregado neste ano terá emprego no ano que vem. A nossa economia é real. Ela diz respeito ao número de empregos, ela diz respeito se a arrecadação das cidades será retomada ou não”, justificou.
Marinho não considera que o país passará por uma recuperação a partir do próximo ano. “Nós não enxergamos ainda grandes coisas para 2017. Acho que se em 2017 a economia se manter em um patamar e apontar para uma recuperação vigorosa para 2018, já é algo para se comemorar. Agora, não enxergamos que terá uma grande recuperação de empregos, enfim, para 2017. Infelizmente não demonstra nenhuma possibilidade”, concluiu.