Com Uniban, Anhanguera é 2º maior grupo de ensino do mundo

Efetuada na última sexta-feira (16), a compra da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) tornou a Anhanguera Educacional o segundo maior grupo de ensino superior do mundo em número de alunos, atrás apenas da americana Apollo Group, proprietária da Universidade de Phoenix. No total, são 400 mil estudantes.

A Anhanguera, que já detinha a marca de maior grupo privado de educação superior da América Latina, comprou a Uniban por R$ 510 milhões. A instituição, que mantinha um campus em São Bernardo, conta com 55 mil alunos, em 12 campi. Com essa operação, a Anhanguera encerra um ciclo de expansão iniciado neste ano.

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“Foram mais de 100 mil alunos incorporados nos últimos seis meses. Agora teremos de adequar toda essa estrutura para integrar as novas aquisições no sistema da Anhanguera. Novas aquisições só serão avaliadas após 2012”, adianta Antônio Costa, vice-presidente de integração do grupo de ensino.

Em julho, a Anhanguera adquiriu por R$ 55,9 milhões a Unifec (União para a Formação, Educação e Cultura do ABC Ltda.), sociedade mantenedora da UniABC (Universidade do Grande ABC). A instituição contava com 9 mil alunos matriculados no campus em Santo André. O grupo já havia comprado outras três instituições de ensino na região: Faenac, em São Caetano, Anchieta, em São Bernardo e UniA, também em Santo André.

“O ABC é muito importante para nossa estratégia em ocupar o ensino superior em região metropolitana de São Paulo. Hoje cerca de 40% dos estudantes são do grupo Anhanguera e nossa participação no mercado é de 5% a 8%, variando conforme a região”, diz Costa. Segundo o vice-presidente, não há preocupação quanto a possíveis restrições do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). “Este é um mercado que está longe do processo de saturação”, afirma.

Os estudantes já matriculados na Uniban terão o contrato respeitado, inclusive em relação aos reajustes das mensalidades, garante Costa. Os novos alunos já entram na instituição de acordo com o padrão de ensino da Anhanguera.

Aquisições são reflexo da ineficiência do ensino público, dizem especialistas

Para o sociólogo Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade do Rio de Janeiro, esse tipo de aquisição é cada vez mais comum no mercado educacional do País. “Existe uma demanda grande, que o ensino superior público não consegue suprir. Muitas pessoas precisam cursar faculdade e não podem pagar os altos preços e é nesse universo que estas instituições trabalham”, analisa.

De acordo com Schwartzman, instituições como a Anhanguera não irão “ocupar” o ensino, mas conseguem captar estudantes – em sua maioria já adultos – que não conseguem entrar nas universidades públicas e não podem pagar mensalidades muito elevadas. “As universidades tradicionais da Região Metropolitana de São Paulo não atendem nem 10% dos estudantes”, destaca o sociólogo. Para ele, não há como medir a qualidade do ensino oferecido pela Anhanguera sem dados concretos.

Segundo Ryon Braga, presidente da Hoper Educação – conjunto de empresas especializadas no segmento da educação pública e privada no Brasil – aquisições como esta só são viabilizadas pelo vácuo deixado no mercado da educação pelo setor público. “Fenômenos como a Anhanguera só são possíveis devido a brutal deficiência do ensino público em atender a demanda criada pelas classes C e D, que precisam de estudo e não conseguem vaga nas universidades públicas”, relata.

No entanto, o especialista não encara a compra da Uniban como algo negativo. “Do ponto de vista dos estudantes foi positivo, já que terão uma melhor infraestrutura e condições para que as mensalidades sejam mais competitivas. O que acontece com frequência é que instituições como a Uniban ficaram defasadas com o tempo e não acompanharam as necessidades do mercado. Naturalmente, grupos mais fortes têm adquirido estas instituições que não conseguiram suprir a necessidade do mercado”, analisa.

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