Os ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia trocam recados, enquanto o procurador da República, Antonio Fernando de Souza, apresenta a denúncia do mensalão.
11:57 Lewandowski: Coerência é tudo na vida!
12:04 Cármen Lúcia: Lewandowski, conforme lhe disse ele está começando pelo final, indicando os fatos de trás para frente…
12:06 Lewandowski: tem razão, mas isso não afasta as minhas convicções com relação aqueles pontos sobre os quais conversamos Ele está – corretamente – “jogando para a platéia”
12:07 Cármen Lúcia: é, e tentativa de mostrar os fatos e amarrar as situações para explicar o que a denúncia não explicou…
12:08 Lewandowski: tem razão, trata-se de suprir falas “a
Posteriori”
12:08 Cármen Lúcia: é isso
12:43 Lewandowski: Carmem: impressiona a sustentação do PGR
12:45 Cármen Lúcia: Muito, acho que seria conveniente – pelo menos para mim – que a gente se encontrasse no final do dia talvez com os meus meninos e o Davi (de Paiva Costa, assessor de Lewandowski) ainda que durante meia hora. Eles estão ouvindo e poderíamos ouvi-los para ver o sentimento que, dominando-os, estão dominando toda a comunidade. Não sei, é como você disse, todo mundo vai estar cansado. Mas acho que seria muito conveniente…
12:45 Lewandowski: Carmem: a sustentação do PGR impressiona
12:46 Lewandowski: Carmem, não sei não, mas mudar à última hora é complicado. Eu, de qualquer maneira, vou ter de varar a noite. Mas acho que podemos bater um papo aqui mesmo… Minha dúvida é quanto ao peculato em co-autoria ou participação, mesmo para aqueles que não são funcionários públicos ou não tinham a posse direta do dinheiro.
12:48 Cármen Lúcia: Exatamente, também acho que há dificuldade, mas não dá mais para o que eu cogitei e lhe falei… realmente, ou fica todo mundo ou sai todo mundo…
VOTO DE PELUSO – Ministra Carmem Lúcia envia recado para Eduardo Silvio Toledo, assessor do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence:
Cármen Lúcia: Dudu, como estão as coisas aí?
Eduardo: Está tudo bem. Estamos tentando conseguir o voto do ministro Peluso no HC 84223. A taquigrafia não tem o voto e, se a senhora entender conveniente, podemos pedir no gabinete do ministro (…) de qualquer maneira, já temos o áudio.
O SUBSTITUTO – Ricardo Lewandowski conversa com Carmem Lúcia sobre a nomeação do próximo ministro do STF e sobre eventual mudança de opinião no julgamento do caso:
15:45 Cármen Lúcia: Lewandowski, uma pessoa do STJ (depois lhe nomeio) ligou e disse (…) para me dar a notícia do nomeado (não em nome dele, como é óbvio) (…) mas a resposta foi que lá estão dizendo que os atos sairiam cassados (aposent. e nom. – aposentadoria e nomeação -) e que haveria uma (…) de posse na sala da Professora e, depois, uma festa formal por causa (…) Ela (a que telefonou) é casada com alguém influente.
Lewandowski: Que loucura então comigo foi jogo de cena (…)
Lewandowski: Carmem, se acontecer o tal jantar, então, será só para tomar um bom vinho pois pelo jeito nós não somos interlocutores de peso.
Cármen Lúcia: De peso físico não, mas de peso funcional (especialmente pela perspectiva) deveriam nos respeitar um pouco mais… O Cupido (sentado ao lado da ministra estava Eros Grau) acaba de afirmar aqui do lado que não vai aceitar nada
Lewandowski: Desculpe, mas estou na mesma, será que estamos falando da mesma coisa?
Cármen Lúcia: vou repetir: me foi dito pelo Cupido que vai votar pelo não recebimento da den. (denúncia) entendeu?
Lewandowski: Ah. Agora, sim. Isso só corrobora que houve uma troca. Isso quer dizer que o resultado desse julgamento era realmente importante (cai a conexão)
Carmem Lúcia: e quando eu disse isso a você, há duas semanas, v. disse que o Reitor não poderia estar dando (…)
Lewandowski: Interessante, não foi a impressão que tive na semana passada. Sabia que a coisa era importante, mas não que valia tanto
Lewandowski: Bem, então é aderir ao ditado: “morto o rei, viva o rei”!
Cármen Lúcia: Não sei, Lewandowski, temos ainda três anos de “domínio possível do grupo”, estamos com problema na turma por causa do novo chefe, vai ficar (…) e não apenas para mim e para v. principalmente para mim, mas também acho, para os outros (Carlos e J. – ministros Carlos Ayres Britto e Joaquim Barbosa -). Esse vai dar um salto social agora com esse julgamento e o Carlinhos está em lua-de-mel com os dois aqui do lado.
Cármen Lúcia: não liga para a minha casmurrice, é que estou muito amolada por ter acontecido (…) passados para trás e tratados com pouco caso. Depois passa
EM DÚVIDA – Ricardo Lewandowski conversa com o assessor Davi de Paiva Costa e se diz indeciso sobre decisão anterior de não aceitar parte da acusação de peculato.
12:27 Lewandowski: Davi, a imputação da infração do artigo 1.º, VII, lavagem de dinheiro oriundo de crime praticado por organização criminosa, crio que não poderá subsistir. Verifique por favor
12:40 Lewandowski: Davi, se você já tiver algum material, por favor mande-me depois do almoço, colocando-o no pen drive que vou lhe mandar. vou trabalhar durante as sustentações orais, à tarde e à noite. à medida em que vc for coletando o material vá me mandando. Grato
12:41 Davi: de acordo, ministro
12:51 Lewandowski: Davi, a sustentação do PGR impressiona. Vc continua achando que a acusação de peculato não se sustenta contra aqueles que não são funcionários públicos e não tinham a posse direta do dinheiro, mesmo em co-autoria?
12:52 Davi: minha impressão é que não há provas nos autos de autoria intelectual. Posso, porém, minutar o voto em sentido contrário…
12:52 Lewandowski: Não, vamos ficar firmes nesse aspecto. manifestei apenas uma dúvida
Invasão da USP
Ministros Eros Grau e Ricardo Lewandowski conversam a respeito da ocupação da Faculdade de Direito da USP pela Polícia Militar, na madrugada de quarta-feira.
12:10 Eros Grau: Você viu a invasão da Faculdade pela PM? um horror! nem na época da ditadura!!! estou pasmo!
12:10 Lewandowski: Não, não vi nos jornais de hoje
12:11 Eros Grau: uma coisa lastimável
12:11 Lewandowski: de fato, é um absurdo
12:12 Eros Grau: vamos fazer alguma coisa; vou tentar apurar o que houve