ABC - quarta-feira , 8 de maio de 2024

Santo André promove caminhada pró LGBT neste sábado

De acordo com a titular, o Departamento de Humanidades vive uma fase de estruturação, mas a ideia é estabelecer, prioritariamente, metodologia de trabalho que converse com as demais pastas.

Em entrevista ao RDtv, Maria Ferreira de Souza, mais conhecida como Loló, fala sobre seu trabalho à frente do Departamento de Humanidades, que pode ganhar status de secretaria.
Maria Ferreira de Souza, mais conhecida como Loló. A titular do Departamento de Humanidades da Secretaria de Governo de Santo André falou sobre políticas pensadas pela atual administração para segmentos considerados minorias, como portadores de deficiência, homossexuais, idosos, juventude, entre outros. O setor vai promover, no próximo sábado, uma caminhada de conscientização sobre os direitos do segmento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis), a partir das 10h, na Rua Oliveira Lima, no Centro.

Ex-vereadora pelo PT, com mandatos entre os anos de 2000 a 2008, Loló foi escolhida pelo prefeito e correligionário Carlos Grana para comandar o departamento, que pode ganhar mais status com a troca da nomenclatura de Secretaria de Governo pela de Direitos Humanos e Ações de Paz, na futura regorma administrativa. Loló também foi eleita, recentemente, coordenadora do GT (Grupo de Trabalho) de Direitos Humanos do Consórcio Intermunicipal Grande ABC.

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De acordo com a titular, o Departamento de Humanidades vive uma fase de estruturação, mas a ideia é estabelecer, prioritariamente, metodologia de trabalho que converse com as demais pastas. “Nós trabalhamos com sistemáticas que giram em torno de falta de atendimento, preconceito, pensamos em ter uma assessoria de cultura de base, onde a nossa ideia é trabalhar na transversalidade, não só no nosso segmento, mas em todo o governo”, explicou.

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista

RD: O que cabe ao seu departamento e por que esse título?

Loló: Dentro desse departamento temos diversos setores comumente chamados de minorias. Mas eu costumo dizer que a gente cuida núcleos que merecem atenção especial, como idosos, portadores de deficiência, juventude, entre outros. Hoje, temos uma assessoria da Diversidade Sexual LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). São segmentos que historicamente sofrem preconceitos. O departamento é responsável por pensar políticas públicas que garantam dignidade a essas pessoas.

RD: Você também tem experiência no Legislativo. Foi vereadora de 2000 a 2008. O que possibilitou essa experiência agora no Departamento de Humanidades e qual a diferença que você tem sentido entre o governo do ex-prefeito Aidan Ravin (PTB) e Carlos Grana (PT), em relação a este setor?

Loló: Na minha experiência no Legislativo, aprendi a dialogar, porque é um espaço de interesses e pensamentos diferentes. Você precisa tecer essa construção buscando o melhor para a cidade. É um aprendizado bastante rico que a gente leva para a vida. E isso me ajudou a estar num departamento com temáticas que têm particularidades e que lidam com preconceito.

RD: Qual foi a realidade que você encontrou nesse departamento, se é que ele já existia no governo Aidan, e o que mudou agora com o olhar do governo Grana?

Loló: O que nos diferencia é a disposição para dialogar. O prefeito sempre pauta que devemos construir uma cidade que saiba dialogar, aprenda a reconhecer as diferenças e veja nessas dificuldades um potencial de transformação. Essa questão da escuta, de viver com as diferenças, contribui bastante para a área que estamos trabalhando. Nós trabalhamos com sistemáticas que giram em torno de falta de atendimento, preconceito, pensamos em ter uma assessoria de cultura de base, onde a nossa ideia é trabalhar na transversalidade, não só no nosso segmento, mas em todo o governo.

RD: Quais são as atividades que estão na pauta do Departamento de Humanidades?

Loló: Estamos na fase de ajuste, de regulamentar os conselhos – hoje, respondemos por quatro: conselhos da pessoa idosa, com deficiência, juventude e igualdade social. A nossa ideia é organizar atividades para o Dia Internacional da Não Violência, em outubro, por exemplo. Todos os eventos que a gente faz, pensamos em como promover mudanças nas vidas das pessoas através das atividades. A mesma questão para a comunidade LGBT. Estamos trabalhando com carinho e respeito, pensando não só em promover festas, mas saber como essas pessoas vivem, quais as dificuldades na questão de trabalho, por exemplo. Nosso trabalho é matricial, precisa ser construído com diversas secretarias e com universidades. A UFBAC, por exemplo, é importante e precisa ser parceira nossa nessa caminhada.

RD: Vocês vão organizar uma caminhada no sábado, sobre a questão LGBT. Como será essa programação?

Loló: Será neste sábado, das 10h às 12h. O evento será simples, porque ainda estamos no processo de nos organizar, planejar a médio e longo prazo, mas entendemos que precisamos estar na Rua Oliveira Lima (Centro de Santo André), porque ali é local de bastante fluxo. Precisamos mudar nossa forma de pensar, porque temos preconceito para tudo – contra negros, pobres, homossexuais, nordestinos. Qualquer ação que vise dar visibilidade ao processo de transformar a cultura que nós vivemos, é uma medida interessante. Vamos com pouco material, mas queremos conversar com a nossa população.

RD: Essa política está integrada às outras políticas da região? Como está a conversa com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC?

Loló: A gente vive um momento de pensar a cidade, mas não dá para focar só em Santo André. Tudo o que a gente faz aqui acaba ocorrendo em outros municípios, por isso precisamos pensar regionalmente. Eu participo do Consórcio, assumi esses dias como coordenadora do GT (Grupo de Trabalho) de Direitos Humanos, e já há algum tempo, inclusive como vereadora, já cobrava a discussão de problemas de maneira regional.

RD: Já teve alguma reunião desse grupo?

Loló: Tivemos uma na qual eu fui eleita. Estamos em planejamento. Pensamos em organizar algumas atividades no âmbito da cultura da paz, dentro do Consórcio. Em breve, teremos boas notícias.

RD: Qual a sua opinião sobre o Nanasa (Núcleo de Apoio à Natação Adaptada), que é um projeto de Santo André voltado aos deficientes. Eles estão com dificuldades de obter recursos junto ao governo do Estado. Como está a relação da Prefeitura com esse projeto?

Loló: O prefeito Carlos Grana pediu que a gente acompanhasse esse trabalho de perto. Montamos um grupo de trabalho com participação de diversas secretarias, como Gabinete (gerida por Tiago Nogueira), Governo (João Avamileno), Saúde (Homero Nepomuceno) e o Departamento de Esportes (Marta Sobral), para ver como poderíamos amenizar a situação. O Nanasa atende hoje cerca de 250 pessoas e tem uma fila de espera em torno de 600 pessoas, e as atividades estão paradas. A despesa é muito grande e não tem como Santo André assumi-la, pois não foi colocada no planejamento orçamentário. Mas sabendo da importância do projeto, apresentamos uma proposta para a Acide (Associação pela Cidadania do Deficiente que gerencia o projeto, para contratarmos diretamente profissionais de Educação Física, até que o governo do Estado destrave o dinheiro. 

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