Em 2010 foram notificados 9.448 casos de suicídio, revela relatório do SUS

Uma das causas associadas ao suicídio é a depressão / ARTE RD

Segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Sistema Único de Saúde, em 2010 foram notificados 9.448 casos de suicídio em todo o País, o que significa uma ocorrência por hora no período. Em 2002, o País e a região sudeste registraram média de seis suicídios para 100 mil habitantes, segundo o Perfil Epidemiológico dos Suicídios, da Secretaria de Vigilância em Saúde.

No entanto, as estatísticas têm uma margem de erro bem grande, conforme o Manual Para Profissionais da Mídia para a Prevenção do Suicídio, da Organização Mundial da Saúde, ao informar que “o suicídio é subestimado numa taxa de 20% a 25% no idoso e de 6% a 12% em outras faixas etárias”.

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Segundo o capitão Diógenes Martins Munhoz, da Escola Superior de Bombeiros, em 2011, foram cadastradas 230 ocorrências pela corporação no ABC. “A região é um reflexo do cenário do Brasil, mas dentro do Estado é a menos preocupante”, analisa o capitão.

Preocupado com os números, o CVV (Centro de Valorização à Vida) – um dos grupos mais atuantes na prevenção do suicídio – promove na próxima quarta-feira (10), o 1º Simpósio de Prevenção do Suicídio de São Caetano, na Cecape (Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação) Dra. Zilda Arns.

“Os números mostram que mais de um milhão de pessoas se matam por ano no mundo, uma a cada 40 segundos. Estamos longe da média mundial, mas cada vida é importante e os números e estatísticas são frios”, comenta Carlos Correia, membro do Programa de Apoio Emocional e Prevenção do Suicídio do CVV.

A fim de avançar nos estudos da prevenção ao suicídio, o simpósio reunirá profissionais que lidam com ocorrência todos os dias, como a psiquiatra do Hospital de Emergências de São Caetano, Flávia Ismael, e a psicóloga do Cise (Centro Integrado de Saúde e Educação da Terceira Idade), Márcia Neves. O simpósio começa às 20h e fica na rua Tapajós, 300. (Colaborou Nathalia Blanco)

Vítima dá sinais, alerta CVV

Muita gente não imagina que exista prevenção para o suicídio, mas é uma das atitudes mais recomendadas pelas instituições que lidam com este fenômeno. Para o CVV, é importante a atenção com quem dá sinais de desânimo com a vida, depressão e falta de autoestima. “Geralmente pessoas que têm intenção de se matar dá indícios, verbaliza de alguma forma”, alerta Carlos Correia, membro do CVV. A recomendação é dar atenção, carinho e não subestimar o problema.

Uma das causas associadas ao suicídio é a depressão. No entanto, a professora do curso de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo, Eda Marconi Custodio, afirma que pessoas que tentam se matar estão num estado de mania, próximos à euforia. “Muitas vezes a família para de prestar atenção quando o paciente apresenta melhoras da depressão”, explica Eda.

Segundo dados da Faculdade de Medicina do ABC, 25% dos pacientes com depressão que não recebem tratamento e acompanhamento adequados tentam o suicídio, metade com sucesso.

De olho no índice de ocorrências, o Corpo de Bombeiros também resolveu mudar de filosofia ao atender pessoas que estão prestes a cometer suicídio. A estratégia é prolongar a conversa ao extremo.

“Só somos chamados em casos de abordagem psicológica. Vamos ganhando confiança e criando um vínculo, até a vítima desistir da ideia”, explica o capitão, que já chegou a fazer uma abordagem psicológica de seis horas. Munhoz se inspirou nas técnicas e ideias do CVV. “Mas as equipes estão prontas para atender casos de emergências”, afirma o capitão. (NB)
 

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