
O número de profissionais em atuação pelo Programa Mais Médicos no ABC cresceu entre 2023 e 2025, ao passar de 238 para 245 médicos habilitados. No entanto, o ritmo de crescimento não se manteve neste ano em relação a 2024, quando a região contava com 258 profissionais. Houve uma leve queda, reflexo de redução no número de médicos em cinco dos sete municípios.
Entre as cidades da região, São Bernardo concentra o maior número de profissionais. Atualmente, o município conta com 76 médicos do programa, contra 81 registrados no fim de 2024. Para este ano, a Prefeitura aguarda a chegada de sete novos profissionais por meio do atual ciclo de chamamento público do Ministério da Saúde. São 84 vagas autorizadas no programa, todas destinadas à Atenção Primária.
Em Diadema, também houve crescimento no número de profissionais. O município conta com 38 médicos distribuídos em 19 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), um a mais que em 2024. Para este ano, a administração municipal informa que há previsão de chegada de mais um profissional no segundo semestre. Na cidade, os médicos do programa atuam prioritariamente na Estratégia Saúde da Família, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade.
Moradores que dependem do serviço público relatam que, apesar da alta no número de profissionais, o atendimento ainda é insuficiente diante da demanda. A autônoma Isabela Sartori Bastos esteve no Hospital Municipal de Diadema em janeiro, após contrair uma virose no litoral, e afirma ter aguardado pelo menos três horas por atendimento médico. “O quadro de profissionais é muito escasso, e é justamente onde deveriam investir. A notícia da chegada de profissionais do Mais Médicos anima, mas eles deveriam ser direcionados a setores que, de fato, têm uma lacuna no atendimento”, relata.
Queda nos números
Mauá, por outro lado, tem registrado queda no número de profissionais do programa nos últimos anos. A cidade tinha 46 médicos em 2023, mas caiu para 42 em 2024 e atualmente conta com 41. Apesar disso, o município foi contemplado com quatro vagas no último edital do governo federal, o que pode ajudar a recompor parte do quadro. A Prefeitura foi procurada pelo RD, mas não respondeu até o fechamento.
Ribeirão Pires é uma das cidades do ABC que aguarda reforço no quadro de profissionais. Em nota, a Prefeitura informa que receberá três novos médicos, o que deve elevar o número total para 15, todos em atuação na Atenção Básica, entre UBSs e Unidades de Saúde da Família (USFs). Segundo a gestão municipal, o programa fortalece o atendimento e amplia a capacidade de resposta dos serviços.
Estabilidade
Em outras cidades, a situação permanece estável. Rio Grande da Serra mantém os mesmos 11 profissionais desde 2024, distribuídos em todas as unidades de saúde do município. Segundo a administração, as maiores demandas estão nas unidades Santa Tereza, Parque América, Conde e Centro. Já São Caetano registra atualmente quatro médicos vinculados ao programa, mesmo número do ano passado, sem previsão de novas adesões — o município consta apenas como cadastro de reserva no último edital do governo federal.
Projeção otimista não se confirmou
Em 2024, uma reportagem do RD apontou que o Programa Mais Médicos cresceria quase 17% no ABC a partir de 2025, com base nas previsões do Ministério da Saúde e editais em andamento à época. No entanto, a atualização dos dados mais recentes mostra que esse crescimento não se concretizou. Pelo contrário: entre 2024 e 2025, houve uma redução de 13 médicos na região, número que contrariou a tendência de expansão observada no ano anterior.
SindmedABC
Para o Sindicato dos Médicos do ABC, o número de profissionais do programa atualmente no ABC, é bastante razoável, se levado em consideração que não é uma região remota, de difícil provimento de médicos, contratados pelas prefeituras, em vínculos diversos, com remuneração acima do que é praticado no Mais Médicos.
José Murisset, presidente do sindicato, afirma que os maiores desafios são na questão da fixação dos profissionais, qualificação continuada e integração dos médicos no sistema de saúde local, no sentido de interagir com os demais da categoria, além de “apreenderem” os fluxos e seguirem os protocolos internos dos municípios. “Outro desafio é com relação a gestão administrativa da saúde , em si, uma vez que esses profissionais, nos territórios de atuação, atendem uma grande quantidade de pessoas, muitas vezes, vulneráveis e, por vezes, a articulação e integração dos vários equipamentos de saúde dos municípios, nem sempre eficientes, dificultam a resolução dos casos”, aponta.