ABC - sexta-feira , 2 de maio de 2025

Casos de animais soltos nas ruas somam 370 ocorrências no ABC em 2025

Mauá lidera as ocorrências de animais nas ruas com 292 registros (Foto: Banco de Imagens)

A presença de animais soltos em vias públicas se tornou preocupação constante no ABC. Em 2025, ao menos 377 ocorrências foram registradas nas cidades da região. O número reforça a necessidade de ações mais efetivas por parte das prefeituras, como fiscalização, controle populacional e campanhas sobre guarda responsável. Mauá lidera com 292 ocorrências registrados apenas até fevereiro deste ano. Embora o número seja elevado, teve queda em comparação ao primeiro bimestre de 2023 e 2024, quando foram contabilizados 1.791 registros.

Em Santo André, os números seguem estáveis, com 30 ocorrências sobre animais de grande porte (como cavalos, vacas e cabritos) já registradas em 2025. O dado é o mesmo de 2024, mas o triplo do que foi registrado em 2023, que teve 10 casos no mesmo período.

Newsletter RD

Rio Grande da Serra também apresenta crescimento nos registros. Foram 23 ocorrências em 2025, frente a 21 em 2024 e 14 em 2023, aumento de 60% em dois anos. Já Diadema contabilizou 32 animais silvestres resgatados neste ano. Embora o município não tenha informado o recorte de janeiro a abril dos anos anteriores, destaca que, entre novembro de 2023 e dezembro de 2024, foram resgatados 212 animais, entre répteis, aves, mamíferos e aracnídeos.

Em São Bernardo, não há número fechado de ocorrências em 2025, mas a Prefeitura destaca que animais soltos são considerados “comunitários”, conforme a lei 12.916/2008, e reforça a oferta de serviços gratuitos, como vacinação e castração, além de ações educativas sobre posse responsável.

As prefeituras de São Caetano e Ribeirão Pires não responderam até o fechamento da reportagem.

Moradores avistaram cavalos nas ruas de Utinga mais de uma vez (Foto: Divulgação)

Cavalos em Santo André e Rio Grande da Serra

A situação que envolve abandono de animais vai além de cães e gatos. Em dezembro de 2024, o RD publicou diversas reportagens sobre aparecimento de cavalos em Rio Grande da Serra. Relatos apontam que os animais foram vistos em pontos da cidade, como na rua Marechal Rondon, no Parque América, e na avenida São Paulo, no bairro Santa Teresa, nas proximidades do número 450.

Na época, a questão foi apresentada às autoridades, e a Prefeitura informou que medidas seriam adotadas para solucionar o problema. No entanto, segundo os moradores, nenhuma providência efetiva foi observada.

E em casos recentes, cavalos surgiram no bairro Utinga, em Santo André. Moradores da região se depararam, a rua Sedan, com cavalos abandonados em circulação em via pública, o que significa riscos à segurança de pedestres e motoristas. Em nota, a Prefeitura esclareceu que não foi comunicada sobre o fato e solicitou que munícipes relatassem esse tipo de ocorrência.

Causas e efeitos dos animais soltos

Segundo Rana Rached, gestora do curso de Medicina Veterinária da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), o cenário é reflexo de uma série de fatores. A presença de animais nas ruas tem origem tanto no abandono e maus-tratos quanto em situações de descuido por parte dos tutores, como portões mal fechados ou falta de estímulo dentro de casa, o que leva os bichos a explorarem o ambiente externo. “Os animais têm instintos, como o de explorar território. A falta de espaço, de companhia ou de atividades estimulantes pode levá-los a fugir. Muitos acabam se perdendo ou se envolvendo em acidentes”, explica.

A veterinária alerta também para os riscos à segurança pública e à saúde. Animais soltos podem ser atropelados, causar acidentes graves e, sem histórico de vacinação, transmitir doenças a outros animais e até mesmo aos humanos, além dos riscos climáticos e da fome.

Outra questão abordada pela docente é que a falta de fiscalização contribui diretamente para o aumento dos casos, já que tutores se sentem menos pressionados a controlar seus animais. A castração, segundo Rana, é uma medida essencial, por motivos de saúde e para evitar o abandono. “Quem não pretende reproduzir o animal deve castrar. Todo mundo acha bonito quando é filhote, mas esquece que depois o animal cresce, exige adestramento, atenção, e acaba por destruir objetos dentro de casa se não for estimulado corretamente”, adverte.

Políticas públicas eficazes, segundo a professora, precisam ir além da contenção. Castração gratuita, vacinação, microchipagem e o fortalecimento dos centros de zoonoses são iniciativas fundamentais para controlar a situação. Os centros, além de capturar, tratam os animais e contribuem para a segurança da comunidade ao evitar a propagação de doenças.

O que diz a lei

De acordo com a lei n.º 9.605/1998, o abandono e maus-tratos a animais são considerados crimes, com penalidades que incluem prisão, multa e perda da guarda do animal. O abandono de animais em vias públicas é tratado como crime ambiental, sujeito a punições tanto penais quanto administrativas.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes