
Depois de dois dias de paralisação a greve na Dolly terminou na terça-feira (18/03) com a empresa atendendo a maioria das reivindicações dos trabalhadores. O Sintetra (Sindicato dos Rodoviários do ABC) considerou a manifestação positiva e, além dos pedidos atendidos, comemorou a abertura de negociações com a fabricante de refrigerantes quanto à recuperação dos salários dos trabalhadores, sem reajuste há sete anos. A empresa também se comprometeu a analisar, caso a caso, a reintegração de oito trabalhadores demitidos.
A greve começou na segunda-feira (17/03) com os trabalhadores e sindicalistas se concentrando em frente à unidade de logística da empresa, na rua Garcia Lorca, no bairro Pauliceia, em São Bernardo, depois que oito trabalhadores foram demitidos por terem sido vistos conversando com sindicalistas do lado de fora da empresa. O Sintetra vinha realizando ações na porta da empresa na tentativa de serem recebidos pela diretoria para tratar de questões que afetam os trabalhadores como refeitórios sem mesas, banheiros sujos e mal conservados, além de questões econômicas, como o pagamento do vale refeição de R$ 19 quando o dissídio aponta R$ 31 a serem pagos pelos empregadores.
Para o diretor de comunicação do Sintetra, Reinaldo Giotto, a pressão feita pelo sindicato foi positiva. “Primeiro a empresa concordou em não descontar as horas paradas dos trabalhadores durante a greve, também se comprometeu de imediato com a reforma dos banheiros e do refeitório. Sobre os trabalhadores demitidos ela se comprometeu a analisar caso a caso, isso porque tem trabalhador que não quer voltar mais, porém o que tem que ser negociado agora é retirar a demissão por justa causa, para que eles recebam seus direitos”, explicou.
Outro ponto importante da negociação foi a abertura de um canal de negociação com a diretoria, pois o Sintetra não era recebido pela direção da Dolly há muito tempo. “Os trabalhadores estão há 7 anos sem reajuste, porque não havia espaço para negociação, mas agora temos uma reunião marcada para o próximo dia 27 para tratar do trabalhadores demitidos e também sobre os salários e vale refeição. O resultado da greve foi muito positivo porque antes não havia nenhuma aproximação, por isso o movimento foi vitorioso”, comenta Giotto.
Além do Sintetra e dos trabalhadores, durante os dois dias de paralisação, cerca de 400 pessoas ficaram diante da empresa, isso porque o movimento ganhou apoio de outros 20 sindicatos. “Isso deu força tanto que a empresa tentou colocar seguranças e até um carro de som do lado de dentro para disputar volume com o nosso carro o ‘Gabriela’, mas não conseguiram”, disse o sindicaista. Até a Polícia Militar chegou a ser chamada, mas em nada impediu a manifestação dos trabalhadores. “Ao contrário, eles foram lá dentro e falaram para a empresa nos receber”, concluiu o diretor sindical.
A Dolly não se manifestou até o fechamento desta matéria. Caso a fabricante de refrigerantes se posicione, a matéria será atualizada.