
As quatro cidades do ABC que contam com fila para a realização de exames de mamografia; Diadema, São Caetano, Rio Grande da Serra e Santo André, afirmaram que não solicitaram ao governo paulista dias na agenda do programa Mulheres do Peito, que conta com cinco unidades da Carreta da Mamografia. A última visita de uma dessas carretas a estes municípios tem pelo menos seis anos. A secretaria estadual de Saúde, informa que o município deve encaminhar um ofício manifestando interesse ao DRS (Departamento Regional de Saúde) da região, o que não foi feito pelos quatro municípios no ano passado; só Diadema informou ter solicitado este ano.
Segundo informe das cidades, Diadema tem o quadro mais preocupante, onde a espera por uma mamografia pode levar cerca de quatro meses. São 1.978 mulheres na fila segundo dados informados até fevereiro. A ferramenta que poderia ter auxiliado o município a dar conta desta fila, a Carreta da Mamografia, só foi solicitada este ano, no mês de janeiro. “Não há histórico de solicitação por parte da Secretaria para o estado de São Paulo no período de 2024. Em 2025, a solicitação foi feita em janeiro e o Estado sinalizou que enviará a carreta de mamografia para Diadema”, diz a prefeitura. A cidade realiza, em média 500 mamografias por mês e conta com um único aparelho. “Diadema está ampliando o atendimento para 900 mamografia por mês, assim, em dois meses, será possível reduzir a fila de espera”, conclui o paço diademense. A última vez que a Carreta da Mamografia passou pela cidade foi em 2019.
São Caetano tem mais mulheres na fila, 2.673, porém o tempo médio de espera é de três meses. A prefeitura diz que, de acordo com a classificação de risco, casos urgentes são atendidos mais rapidamente. A prefeitura informou que a última vez que a Carreta da Mamografia passou por lá foi há oito anos e a prefeitura não foi informada sobre quantos exames foram feitos na época. Mesmo com a demanda, a prefeitura não fez nenhuma solicitação para receber uma das cinco unidades da Carreta da Mamografia nem no ano passado, nem neste ano. “Atualmente, o município tem como oferta aproximadamente 910 exames de mamografia por mês. A Secretaria Municipal de Saúde vem adotando medidas contínuas para ampliar o acesso aos exames de mamografia, otimizando a regulação e buscando estratégias para reduzir o tempo de espera. Um exemplo dessas medidas é a oferta de exames de mamografia por livre demanda na Semana da Mulher. Com essas ações, a expectativa é de atendermos essa demanda em até três meses, garantindo um atendimento mais ágil e eficiente à população”, diz comunicado da prefeitura.
A Prefeitura de Santo André admite uma espera de dois meses para o exame, mesmo o município tendo mais de um mamógrafo, além de poder recorrer ao Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde) do governo paulista. O paço andreense não admite a existência de fila apesar da espera para a realização do exame e não respondeu se solicitações foram feitas para receber uma carreta do programa estadual. “A Secretaria de Saúde informa que a demanda de mamografia na cidade está controlada e sem fila, sendo as munícipes atendidas em até dois meses para exames de rotina e em prazo ainda menor no caso de investigação de diagnóstico. O município conta com mamógrafos próprios e, caso necessário, aciona o sistema Cross, de responsabilidade do Estado, para apoio no atendimento da população”, diz comunicado da prefeitura.
Em Rio Grande da Serra, onde 90 mulheres estão na fila da mamografia e a espera gira em torno de dois meses e meio, segundo a prefeitura. A cidade encaminha pacientes para hospitais de referência no Estado através da Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde). O município informou que a Carreta do programa estadual passou pela cidade na última vez em 2017 e que não tem previsão de nova data. A prefeitura não soube informar se foram feitas solicitações desde o ano passado para cá. “Como as solicitações para a carreta sempre foram solicitadas pelo Gabinete da Secretária de Saúde, a Central de Vagas não possui essa informação”, respondeu a prefeitura.
A última visita da carreta do programa estadual ao ABC aconteceu este ano em São Bernardo, entre 21 de janeiro e 1º de fevereiro, período em que foram realizados cerca de 500 exames.
Para a médica Elizabeth Jehá Nasser, professora de ginecologia do Centro Universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) não há outro exame para detecção do câncer de mama tão bom quanto a mamografia. Apesar de outros exames podem ser solicitados como complementares, a mamografia é “padrão ouro”, diz ela. “A mamografia é o principal e mais importante dos exames. Em caso de mamas densas, pode-se lançar mão de ultrassonografia das mamas e em casos de pacientes de alto risco, a ressonância nuclear magnética das mamas pode ser solicitada”.