ABC - sexta-feira , 2 de maio de 2025

Após cinco anos a covid ainda mata; oito perderam a vida no ABC só em 2025

Corpo retirado de apartamento no Parque São Vicente, em Mauá, no mês de março de 2020. Caso foi considerado suspeito para covid-19. (Foto: Redes Sociais)

Há exatamente cinco anos era decretada a pandemia da covid-19 no mundo, quatro dias depois os primeiros casos foram registrados no ABC, um casal moradores de São Bernardo teve a confirmação da doença. No dia 25 de março de 2020 ocorria a primeira morte causada pelo vírus SarsCov2, causador da doença, em um paciente de Santo André. Mesmo com a vacina a doença ainda faz doentes e mortos na região. Segundo dados do Ministério da Saúde, só nas nove primeiras deste ano, foram diagnosticados 265 novos casos e oito mortes entraram para a triste estatística da doença.

O momento de normalidade 60 meses após o início da pandemia em nada se assemelha às medidas de contenção às aglomerações, comércios fechados, desemprego, uso de máscaras e álcool em gel que chegaram a faltar nas prateleiras dos estabelecimentos, perdas de entes queridos, centenas de covas abertas em cemitérios, sepultamentos sem velório, abertura de hospitais de campanha em estádios de futebol, falta de respiradores para atender aos doentes que morriam com falta de ar entre tantas outras situações que ainda estão vivas na memória da maioria e, finalmente, a vacina. Até a primeira semana de março, os números oficiais do Ministério apontavam que 317.117 pessoas se contraíram a covid-19 no ABC desde o início da pandemia e 12.630 perderam a batalha contra o coronavírus. Até o final de 2024 eram 12.622 óbitos, portanto mais oito casos entraram para essa triste estatística.

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Três especialistas ouvidos pelo RD, apontam que cuidados como higienização das mãos e uso de máscara em locais aglomerados e pouco ventilados ainda é recomendável, principalmente para os grupos mais vulneráveis como crianças, idosos e imunossuprimidos. A completar o esquema vacinal também é medida que pode salvar vidas.

Para o médico Victor Hugo Martins, pneumologista e colaborador do GEPRAPS-FMABC (Grupo de Estudo e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária à Saúde da Faculdade de Medicina do ABC), os cuidados ainda são necessários para esse público mais vulnerável. “Eu diria que é recomendável o uso de máscara em locais aglomerados, como o transporte público, especialmente durante picos de transmissão ou em áreas com alta incidência de casos. Embora a vacinação tenha reduzido significativamente a gravidade da doença, a covid-19 ainda está por ai , assim como outras inúmeras doenças respiratórias”, aponta.

Martins recomenda a procura pelos serviços de saúde imediatamente se os sintomas forem muito fortes. “Se alguém apresenta sintomas gripais de forte intensidade, como grande dor de cabeça, febre que não passa mesmo usando antitérmicos, perda de paladar ou olfato, é importante investigar a causa, pois até mesmo outros quadros virais podem ter tratamento”, diz. No caso de confirmação da infecção por covid o isolamento deve ser de pelo menos sete dias. “De acordo com as diretrizes atuais, é recomendável manter o isolamento por pelo menos sete dias após o início dos sintomas ou da confirmação da covid-19. No entanto, é importante seguir as orientações específicas do médico que está acompanhando o caso”.

Vacina

Ao todo, considerando as doses iniciais, de reforço, doses únicas e adicionais, no ABC foram aplicadas 7.914.143 doses conta a covid-19, sendo: 1.215.931 em Diadema, 1.217.461 em Mauá, 336.999 em Ribeirão Pires, 113.286 em Rio Grande da Serra, 2.091.835 em Santo André, 2.446.176 em São Bernardo e 492.445 em São Caetano. Os números são do Ministério da Saúde, atualizados até esta terça-feira (11/03).

Durante os picos da doença o ato de ser vacinado se transformou em um momento para registro com fotos e vídeos após um período de espera pelo imunizante. (Foto: Divulgação/PMETRP)

O infectologista Renato Grinbaum, professor do curso de Medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) considera que todos com sintomas gripais devem se precaver para não contaminar outras pessoas e que mesmo pessoas vacinadas podem ficar doentes. “O principal benefício da vacina é a prevenção das formas graves. Se a pessoa adquire a covid-19 mesmo estando vacinada, o que é possível, a tendência é que sua doença seja mais leve. A vacina faz com que o nosso organismo já conheça o vírus e faz com que consigamos combater com maior rapidez e eficácia o vírus. Este conhecimento prévio tem duração bem mais longa. Foi principalmente a vacina, e não a mutação do vírus, que transformou esta doença reduzindo seu risco”. Para Grinbaum a maior parte dos casos graves ocorre na população mais vulnerável. “Devemos redobrar nossos esforços para proteger estas pessoas”, orienta.

“Pessoas com o esquema vacinal completo tendem a ter sintomas mais leves, recuperação mais rápida e um risco menor de complicações graves. A vacinação ajuda o corpo a desenvolver uma resposta imunológica mais eficiente, o que reduz a probabilidade de hospitalização, intubação ou óbito”, explica o infectologista Gabriel Hypolito, da rede Hapvida (antiga NotreDame Intermédica). “A duração da proteção pode variar. Para a maioria das pessoas, a proteção inicial de um esquema completo de vacinação dura entre 6 e 12 meses, mas pode diminuir com o tempo. Por isso, muitas campanhas de vacinação têm incluído doses de reforço, que ajudam a manter a proteção contra novas variantes e reduzir a severidade da doença”, diz o médico.

Hypolito destaca que o SarsCov-2 s circula pela própria natureza dos vírus e também pela falta de proteção. “O número de mortes por covid-19, mesmo com a vacina disponível, é resultado dos três fatores; a combinação da circulação viral em áreas de maior densidade populacional, baixa adesão à vacinação e a falta de medidas preventivas, como o uso de máscara em locais aglomerados”.

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