O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), tomou posse no dia 20 de janeiro e desde então chama a atenção do planeta com suas medidas de taxação de produtos de outros países, ações contra os imigrantes ilegais e de protecionismo. No RD Momento Econômico desta quarta-feira (12/02), o professor e gestor do curso de Relações Internacionais, Vinicius Nunes, e o gestor do curso de Ciências Econômicas e adjunto da Escola de Gestão e Negócios, Volney Gouveia, ambos da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), apontaram que as medidas iniciais do estadunidense buscam “jogar” para seu eleitorado, mas que não vão durar por muito tempo.
“Obviamente que o Trump, hoje, está jogando para a plateia, na minha leitura. Ele está anunciando as medidas de choque exatamente para não se configurar o que chamamos na política de ‘estelionato eleitoral’, ou seja, eu sou eleito com uma agenda e quando assumo o governo eu mudo totalmente essa agenda.”, inicia Gouveia.
Para o especialista em economia, os Estados Unidos passaram a atuar na defensiva após uma série de ações que tiraram a soberania política e econômica, principalmente a busca cada vez maior dos países pelo multilateralismo. “Nós temos o BRICS que representa quase 40% do PIB Global, 30% da população mundial e isso configura uma ameaça global, uma ameaça em potencial a essa soberania histórica, essa supremacia, melhor dizendo, dos Estados Unidos no mundo.”, segue Volney.

Vinicius segue a mesma linha, mesmo com Donald Trump anunciando que ocupará a Faixa de Gaza, o que foi entendido por muitos como uma maneira de evitar a existência de um Estado Palestino, tais medidas buscam apenas agradar os eleitores mais conservadores.
“Não acho que seja um plano de taxas, isolamento, protecionismo que vai durar muito tempo, mas ele (Trump) precisa passar essa imagem dentro dos Estados Unidos que ‘nós vamos nos recompor, nós vamos nos fortalecer e iremos em frente a partir daí’. Isso vai muito a favor do republicano que votou no Trump.”, diz o especialista.
No caso do Brasil, Volney e Vinicius não projetam grandes prejuízos, principalmente levando em conta a maneira que trabalha a diplomacia brasileira, sem escolher inimigos e focando na leveza. A ideia é que o Brasil possa aproveitar a brecha para ampliar a sua exportação de produtos que possam ter um preço melhor de que seus concorrentes para o mercado americano e seguir com suas alianças com outras forças políticas e econômicas.
Ambos creem que no futuro, em nome de seu interesse comercial, os Estados Unidos vão querer se aproximar do Brasil para fortalecer suas alianças.