
Por algum descuido em relação a observação da sinalização, ou mesmo por acreditar que é só uma paradinha por alguns instantes que não vai prejudicar ninguém, mas se houver uma denúncia, agentes de trânsito podem não apenas autuar o motorista como também solicitar a remoção do veículo para o pátio. Se isso acontecer as taxas de guincho e de estadia no pátio são salgadas e vão pesar no bolso do motorista. Nem sempre quando o motorista volta ao local onde deixou o carro vai perceber o que aconteceu e pode presumir ser vítima de um furto. Das prefeituras da região, só São Caetano adota a postura de colocar no local um aviso de que o carro foi rebocado e informam o que o motorista deve fazer. Nas outras o motorista deve procurar informações por ele mesmo.
A prefeitura de São Caetano explica que, quando o veículo é removido por estacionamento irregular um cavalete é deixado no local informando que o carro foi guinchado e com número de telefone para informações sobre o procedimento de liberação. Diadema adota essa postura, mas apenas no caso de veículos abandonados nas ruas. Segundo o paço diademense, a lei de trânsito não prevê esse aviso, uma vez que há sinalização que orienta sobre a permissão ou não de estacionamento.
Os pátios têm muitos carros apreendidos, algumas apreensões são feitas pelo município, mas também pelas polícias e pelo Detran. Em Santo André, por exemplo, cerca de 15 mil veículos estão sob os cuidados da empresa concessionária do serviço. Em Rio Grande da Serra, 630 veículos estão retidos no pátio da cidade. As demais cidades informaram a capacidade total de seus pátios, como Diadema que tem espaço para abrigar 14.090 veículos. São Bernardo tem capacidade para abrigar 1.200; Ribeirão Pires pode abrigar até 800 veículos e São Caetano entre 500 e 600 veículos entre carros, motos, vans e veículos pesados.
Cada cidade tem suas tarifas definidas em legislação específica. Os valores variam por tipo de veículo, se moto, veículo de passeio, vans ou veículos pesados. Considerando apenas os veículos de passeio das cidades da região São Bernardo tem o valor mais alto de taxa de guincho; R$ 831,55, em segundo lugar vem Diadema onde a tarifa é de R$ 712,07. Em São Caetano a taxa a ser paga para quem teve o carro rebocado é de R$ 600; de R$ 520 em Santo André; de 442,98 em Ribeirão Pires e a mais barata é a de Rio Grande da Serra, que cobra R$ 253,22 pelo guincho, porém cobra um valor adicional de R$ 8,51 por quilômetro rodado, isso segundo a tabela do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), já a tabela do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) é mais alta; de R$ 407,22 para o guincho.
Além da taxa de guincho o motorista que teve o carro retido também tem que pagar pela estadia no pátio que é calculado por dia de permanência do veículo no local. Novamente os valores variam conforme o tipo, mas considerando os carros de passeio a diária mais alta é a de Ribeirão Pires; R$ 99,35, não muito diferente da cobrada em São Bernardo, que é de R$ 98,16. Em Santo André a diária de pátio custa R$ 88; em Rio Grande da Serra o custo é de R$ 82,92 (tabela do DER) e R$ 40,72 (Detran); em Diadema essa diária é de R$ 84,15 e a mais barata é a de São Caetano que cobra R$ 73 por dia de permanência em seu pátio. A prefeitura de Mauá não informou e no site da administração municipal não foram encontrados os valores praticados.
Surpresa

Voltar ao lugar onde seu veículo estava estacionado e não encontrá-lo é logo imaginar que o carro tenha sido furtado, mas não foi o que aconteceu com o aposentado Geraldo Donizetti Cattai, de 66 anos, ele estacionou o carro na rua Porto Carreiro, no bairro Campestre, em Santo André, no dia 11/01, um sábado, por volta das 21h para visitar amigos e quando voltou cerca de duas horas depois o veículo não estava mais lá, porque foi levado por um guincho à serviço da prefeitura. O andreense só soube que o carro estava no pátio dias depois após dica de um policial. A prefeitura de Santo André sustenta que o veículo foi guinchado por que estava estacionado em frente à guia rebaixada. O aposentado nega.
Ele considerou os valores de pátio e diária altos. Ele teve que pagar R$ 880 por dez dias de pátio e R$ 520 de guincho “Um absurdo, eu fiz uma cotação com guincho, nenhum saiu mais caro que R$ 200, só que a gente não tem como negociar com eles, primeiro porque te atendem através de um vidro blindado, e só aceitam dinheiro ou PIX. Sou aposentado, não tinha esse dinheiro, tive que pedir emprestado para meu filho, e não me deram nenhuma nota fiscal ou recibo, só um pedaço de papel que não tem valor nenhum”. Ele também reclamou de danos no veículo, como o arrombamento da fechadura e danos no para-choque dianteiro. A prefeitura diz que ele deve cobrar da empresa concessionária, no caso a Mobilegal Logística, pelos danos. A administração diz que ele também deve solicitar formalmente o envio da nota fiscal pelo pagamento do guincho e da diária, para a mesma empresa.
Nas seis cidades que responderam os questionamentos do RD, o serviço de guincho funciona 24 horas por dia. No caso que envolveu o Honda Civic 1999 do aposentado de Santo André a prefeitura diz que respondeu a uma denúncia. “No caso da ocorrência, houve uma denúncia e a remoção do veículo foi realizada com a presença do agente de trânsito, que lavrou a autuação no momento da infração. Lembrando que estacionar em guia rebaixada destinada à entrada ou saída de veículos é uma infração de trânsito média, de acordo com o artigo 181, inciso IX do Código de Trânsito Brasileiro (CTB)”, sustentou a prefeitura, em nota.