
Apesar de avanços como mais de 2,4 milhões de doses aplicadas em Ribeirão Pires e Mauá e 95,3% de cobertura vacinal, em São Caetano a baixa procura por doses de reforço contra a covid-19 e a dificuldade em alcançar grupos vulneráveis, como crianças menores de cinco anos, continuam como desafios.
Em entrevista ao RD, o médico infectologista Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), destaca que, apesar da redução no número de óbitos em comparação com o pico da pandemia, a infecção por covid-19 ainda é realidade. A região registra óbitos semanais devido ao vírus, o que reforça a necessidade de continuidade das medidas de imunização.
Ribeirão Pires apresenta cobertura vacinal de 89,03% para as duas doses da vacina monovalente, com 101.923 doses aplicadas. Para a terceira dose, a cobertura chega a 64,47%, e apenas 25,85% da população recebeu a dose adicional. No entanto, a vacinação bivalente alcançou somente 32,42% da população, o que fez com que a Prefeitura iniciasse buscas ativas e campanhas educativas.
São Caetano, que mantém liderança com 95,3% de cobertura vacinal, atualizou os protocolos para considerar completo o esquema vacinal de indivíduos acima de cinco anos que tenham recebido pelo menos uma dose, mas segue com campanhas direcionadas para crianças de 6 meses a 5 anos, idosos, imunossuprimidos e pessoas com comorbidades, oferecendo doses anuais de reforço e vacinação domiciliar para pacientes acamados.
Vinte mil ainda precisam completar a vacinação em Mauá
Mauá aplicou cerca de 1,5 milhão de doses desde o início da campanha e avança na vacinação de idosos e gestantes, com prioridade em estratégias, como a ampliação de horários nas UBSs e campanhas de conscientização. Apesar do progresso, cerca de 20 mil pessoas ainda precisam completar o esquema vacinal.
Em São Bernardo, 90% do público-alvo já recebeu as duas doses da vacina monovalente, enquanto 68% aderiram à terceira dose e 28% à quarta. A vacinação bivalente atinge 32% da população elegível. A cidade segue com desafio de ter 5% da população sem receber nenhuma dose e 15% sem completar o ciclo inicial de imunização.
Mais de 8 mil crianças sem imunização
Santo André afirma que, até o momento, 8.520 crianças crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias ainda não receberam nenhuma dose do imunizante. Para a população maior de 5 anos, 714.330 mil doses foram aplicadas, com a imunização completa para este público, que segue a recomendação do Ministério da Saúde para dose única.
Marcelo Otsuka alerta para o aumento de infecções entre crianças pequenas, grupo que ainda apresenta altos índices de contágio, principalmente entre aquelas que não foram vacinadas, bem como entre os pais que também não receberam a imunização. “A infecção tem se tornado cada vez mais comum na faixa etária pediátrica, especialmente em crianças pequenas, que não foram vacinadas, e em muitos casos, os pais também não receberam a imunização,” comenta.
De acordo com o infectologista, a diminuição do interesse pela imunização e a falta de preocupação com o diagnóstico de covid-19 têm sido preocupantes. “As pessoas não dão a devida importância à imunização como faziam durante a pandemia. Além disso, há uma falta de preocupação em diagnosticar e investigar casos de covid-19. Investigar a doença é fundamental para proteger as pessoas ao redor,” afirma.
O médico também aponta que a falta de incentivo à vacinação tem levado ao aumento de casos de outras doenças, como sarampo e coqueluche, há anos controladas. “A falta de estímulo à vacinação é um grande problema. Há uma crescente disseminação de notícias falsas e informações equivocadas sobre a importância das vacinas, o que afeta não só o controle da covid-19, mas o aumento de casos de outras doenças. É essencial que as escolas incentivem a vacinação de crianças e adolescentes,” completa.
A médica infectologista da Prefeitura de Santo André, Elaine Matsuda, destaca a importância de reforçar a vacinação em idosos, de modo geral. Enfatiza que não se deve perder oportunidades para vacinar, não apenas contra a covid-19, mas também contra doenças, como tétano e influenza no SUS.
A infectologista também observa que a grande maioria dos óbitos ocorre em pessoas acima de 65 anos e alerta sobre o impacto negativo das fake news, cada vez mais difíceis de identificar, que prejudicam a sociedade e a saúde pública. “Vacinas salvam vidas há muitos anos, e sempre as tomamos. A tecnologia nos permitiu o desenvolvimento rápido da vacina contra a covid-19, o que tem sido utilizado por alguns para desmerecer as vacinas desenvolvidas”, comenta.
Rio Grande da Serra informa que enfrenta dificuldades técnicas para a disponibilização de dados atualizados sobre a vacinação.