
Morreu neste domingo (12/1) Mário Porfírio Rodrigues, aos 99 anos, um dos líderes pela luta da emancipação de São Caetano de Santo André em 1948. Mário faleceu na madrugada, em São Paulo, após internação desde 27 de dezembro devido a problemas renais. O velório será realizado nesta segunda-feira (13), no Salão Nobre da Câmara, das 10h às 14h.
Nascido em Ribeirão Claro (PR), Mário chegou a São Caetano aos 5 anos, em 1930, e cresceu no bairro Fundação. Sua trajetória se confunde com a história da cidade, especialmente por sua liderança no Movimento Autonomista. Aos 19 anos, ele idealizou o movimento que culminou no plebiscito de 24 de outubro de 1948, data em que São Caetano se emancipou oficialmente de Santo André, tornando-se um município independente.
Mário Porfírio fundou o “Jornal de São Caetano” em 1946, veículo que desempenhou papel fundamental na divulgação das ideias autonomistas, além de ser autor de obras como “Um Jornal, Uma Vida”, que narra a trajetória de São Caetano rumo à autonomia.
Formado em Administração e Gerência pela PUC-RJ, Mário também construiu uma carreira de destaque no setor privado, atuando em empresas renomadas como Chocolates Pan, Dulcora e Tupy, e encerrando sua trajetória profissional como superintendente do Patrimônio Imobiliário da Eletropaulo.
Mário era membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, ocupando a cadeira 8, cujo patrono é Monteiro Lobato. Sua dedicação e importância para São Caetano foram reconhecidas em vida com inúmeras homenagens, como o título de Cidadão são-caetanense e o de Professor Emérito da USCS (Universidade de São Caetano do Sul).
Homenagens
A Prefeitura de São Caetano decretou luto oficial de três dias em homenagem a Mário. Bandeiras serão hasteadas a meio mastro em repartições públicas da cidade durante esse período.
A Câmara Municipal também manifestou pesar pelo falecimento de Mário, destacando sua importância como um dos grandes nomes da emancipação político-administrativa de São Caetano. O velório será realizado nesta segunda-feira (13), no Salão Nobre da Câmara, das 10h às 14h. Em seguida, o corpo será conduzido ao Cemitério do Morumby, com cerimônia de sepultamento marcada para as 16h.
O prefeito de São Caetano, Tite Campanella (PL), destacou o legado do autonomista: “Mário foi um dos maiores homens que eu conheci. Seu exemplo permanecerá para sempre conosco. Graças aos seus sonhos, São Caetano se tornou uma das melhores cidades do Brasil, e seus ideais permanecerão para sempre em nós e na nossa terra”.
O vereador Gilberto Costa (PP) também expressou seu pesar pela perda, assim como o ex-presidente da Câmara de São Caetano, vereador Pio Miello (PSD), que destacou a importância de Mário para o município: “Recebo com muita tristeza a notícia do falecimento de Mário Porfírio Rodrigues, um dos grandes idealizadores da autonomia de São Caetano. Minha solidariedade à família e aos amigos neste momento de dor.”
O jornalista Humberto Pastore publicou nota na rede social lembrando a trajetória de Mário Rodrigues: “Tive a honra e a alegria de ter Mário Rodrigues como meu mestre por várias décadas. Trabalhei com ele no semanário Sancaetanese Jornal, e na SBEL, revista dos funcionários da Eletropaulo, além de termos fundado, junto com outros amigos, o Gama, Grupo de Amigos do Movimento Autonomista. Sem dúvida, ele parte sabendo que cumpriu sua missão com extrema dedicação. O município de São Caetano do Sul deve muito ao seu sonhar. Afinal, sem o movimento autonomista de 1948, ainda seríamos apenas uma vila de Santo André”.

Plebiscito emancipou São Caetano em 24 de outubro de 1948
A cronologia da emancipação começa com o lançamento do Jornal de São Caetano no dia 28 de julho de 1946 com o objetivo de divulgar os ideais autonomistas. E se reforça em 2 de setembro de 1947 com a fundação da Sociedade Amigos de São Caetano, criada para sustentar legalmente o movimento autonomista e encaminhar à Assembleia Legislativa o requerimento para a realização do plebiscito de acordo com a lei orgânica dos Municípios.
No dia 24 de outubro de 1948 é realizado o plebiscito com o comparecimento de 9.550 eleitores, a apuração dos votos é feita no mesmo dia, com 8.463 dizendo sim, e 1.029 optando pelo não. Diante desse resultado, a Assembleia Legislativa aprova a criação do Município.
O nome de Ângelo Raphael Pellegrino para disputar a eleição a prefeito, pela coligação formada pelos partidos: PSD, PR, PTN e PSP é lançado no dia 28 de novembro de 1948.
Foi no dia 24 de dezembro daquele mesmo ano que o governador do Estado de São Paulo, Adhemar de Barros, ratificou a decisão dos sancaetanenses, homologando a criação do Município de São Caetano, que recebeu o apêndice: do Sul para se diferenciar da cidade de São Caetano que já existia no Pernambuco.
A instalação do Município aconteceu no dia 1º de janeiro de 1949 e a primeira eleição para os cargos públicos definiu os vereadores que compuseram a primeira Câmara, elegendo Ângelo Raphael Pellegrino como o primeiro prefeito. O primeiro presidente da Câmara Municipal foi Acácio Novaes e a posse dos dois poderes aconteceu no dia 3 de abril de 1949.
A eleição aconteceu no dia 13 de março de 1949. O resultado final da apuração registrou a vitória de Pellegrino (4.094 votos) contra Fláquer Neto (1.017 sufrágios).
