Desde as últimas semanas de 2024, as Unidades de Pronto-Atendimento 24h (UPAs) e o Hospital de Urgência (HU) no ABC registraram leve aumento na procura por atendimentos médicos. Isso porque um surto de virose que afetou diversas cidades do Litoral Paulista, especialmente durante o período de festas de fim de ano, fez com que moradores de várias cidades do Brasil adoecessem e a procura por equipamentos de saúde aumentasse no início de 2025.
Segundo as secretarias de Saúde da região, de modo geral, os pacientes que buscaram atendimento apresentaram sintomas característicos de viroses gastrointestinais, como febre, diarreia, vômito e desidratação leve a moderada. E diante dos casos, grande parte das ocorrências está relacionada a pessoas que passaram as festas em cidades litorâneas e retornaram ao ABC nos últimos dias.
Impactos
Apesar das prefeituras informarem que não houve um impacto significativo no índice de pacientes atendidos na região, São Caetano, que havia contabilizado 83 casos de virose em novembro, saltou para 97 casos entre dezembro e janeiro. Em São Bernardo, a prefeitura admitiu que as doenças sazonais de início de ano também refletiram em um aumento na procura pelos serviços de pronto-atendimento; no entanto, não informou qual o tamanho desta alta.
Em Mauá, a Secretaria de Saúde informa que não notou aumento significativo motivado pelo surto de virose, mas quem procurou a UPA Zaíra, na cidade, no último sábado (04/01) diz ter enfrentado fila de espera para ser atendido. Exemplo é a assistente administrativa Jéssica Albane Marques, de 36 anos, que procurou a unidade com dores intestinais e precisou esperar quase duas horas para ser atendida.
Em entrevista ao RD, a munícipe conta que passou a virada de ano na Praia Grande, no litoral, e após comer em uma lanchonete na região da Vila Guilhermina, começou a passar mal, já com sintomas de virose gastrointestinal. “Eu e meus filhos fomos comer alguma coisinha antes de subir a Serra, mas foi a pior decisão; já no caminho de casa comecei a passar mal e logo procurei a UPA para atendimento”, conta.
Segundo ela, entre o processo de abrir a ficha, passar por atendimento e medicação, foram mais de duas horas. “Se contar o tempo que precisei esperar para abrir ficha, ser atendida e receber a medicação, passa de duas horas. E lá (UPA Zaíra) muita gente estava com os mesmos sintomas que eu”, acrescenta Jéssica ao citar as dores no estômago, febre e náuseas.
Apesar do crescimento no índice de atendimento notado em algumas cidades, o impacto, segundo as prefeituras, foi contido, e as unidades de saúde não enfrentaram sobrecarga. “Os serviços de saúde estão preparados para atender a todos os pacientes, com tratamento e orientação sobre os cuidados necessários”, informou a Prefeitura de São Bernardo, em nota.
Na UPA Santa Luzia, em Ribeirão Pires, o cenário é semelhante. Segundo uma paciente que prefere não ser identificada, no último domingo (05/01) a unidade de saúde estava lotada e a maioria dos casos eram de virose intestinal. “Dei entrada na UPA só com febre e dores nas articulações, mas vi o tanto de gente que estava com os mesmos sintomas ou dores intestinais”, relata. Ao RD, a munícipe conta que o local estava tão cheio que desistiu de passar por atendimento e comprou medicamentos para tratar as dores em casa.
Procon-SP pede aumento de estoque
Diante dos casos, o Procon-SP pede que as empresas responsáveis pelo abastecimento de farmácias aumentem o estoque de remédios no litoral de São Paulo após o surto de virose na região. Ainda para evitar o aumento abusivo no preço dos medicamentos por conta da procura, o Procon pede que as empresas se mobilizem para normalizar a oferta de produtos, especialmente água, bebidas isotônicas e medicamentos, nas cidades do litoral paulista.
Sintomas e recomendação
De modo geral, as viroses geralmente afetam o trato gastrointestinal e provocam sintomas como diarreia, náuseas, vômitos, cólicas e febre. A duração pode variar de um dia a uma semana, e a desidratação pode ser classificada como leve, moderada ou severa.
Os profissionais de saúde alertam para a importância de cuidados preventivos, especialmente em épocas de surtos. Entre as principais recomendações estão: higienizar as mãos com frequência, principalmente antes das refeições e após usar o banheiro; certificar-se de que a água consumida é potável e evitar gelo de procedência desconhecida; optar por alimentos bem cozidos e evitar o consumo de comidas preparadas em condições de higiene duvidosa.
As autoridades de saúde do Litoral Paulista ainda investigam as causas do surto, mas apontam que as condições climáticas, o aumento na população temporária durante o verão e possíveis problemas no saneamento básico podem ter contribuído para a disseminação das viroses.
Enquanto isso, a população do ABC que apresentar sintomas semelhantes deve procurar atendimento nas UPAs ou no HU para avaliação médica e orientação adequada. Em casos leves, o isolamento domiciliar, a hidratação constante e o repouso são medidas suficientes para a recuperação.