“Mas deixo partido porque o partido perdeu os seus ideais, perdeu a razão pela qual ele foi criado, a razão pela qual ele fez parte da sociedade.”, é assim que o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, deixa do PSDB após 19 anos. A oficialização da saída ocorreu nesta quarta-feira (18/12). Mesmo com quatro convites para migrar para outras legendas, o agora ex-tucano focará em estudos fora do País antes de definir seu futuro político.
Eleito por três oportunidades como deputado estadual e duas vezes como prefeito, Orlando aponta que a legenda teve uma mudança de comportamento nos últimos anos, fato que considera como primordial para a sua saída e para que outros nomes deixassem o tucanato nos últimos anos.
“No presente momento eu não encontro mais nos membros, e não todos, mas de uma grande parcela de um partido que infelizmente se apequenou, de um partido que não se atualizou, de um partido que perdeu o diálogo com a sociedade. Partido e pessoas públicas devem estar em sintonia com a vontade das pessoas. Não somos nós que damos a linha de pensamento, nós temos que incorporar o jeito que as pessoas querem viver. O máximo que os políticos e os partidos políticos podem fazer a trabalhar da melhor forma para entregar os melhores serviços.”, aponta.
O são-bernardense relata algumas ações específicas que colaboraram para a sua saída, entre elas, o não continuação da campanha de João Doria para presidente da República em 2018, mesmo vencendo as prévias internas. E a eleição do diretório estadual que ocorreu em março deste ano, que a princípio teve Marco Vinholi como vencedor, mas que depois acabou impugnada. A direção nacional interveio e acabou indicando o nome do prefeito de Santo André, Paulo Serra, para presidir a legenda em São Paulo. Tais fatos foram denominados por Morando como “golpes”.
As principais críticas ficaram para o deputado federal Aécio Neves (PSDB/MG), apontado por Morando como o principal articulador das últimas mudanças no partido, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). “Um nome de um espírito público pequeno, apesar de governador, muito pequeno.”, disse o prefeito sobre o agora ex-colega de partido.

Outro ponto dito por Orlando Morando foi a falta de debates sobre temas que foram incluídos na pauta política nos últimos anos, principalmente por causa da polarização entre lulistas e bolsonaristas.
“Foi um erro do PSDB não respeitar e nem ouvir a militância. O PSDB não ouviu nem a militância e nem a sociedade. Para onde o povo brasileiro quer? É um partido mais a direita? É continuar como um partido de centro? O partido não seu o direito de fazer isso. A sociedade defende a legalização da maconha? Eu sou contra, mas precisaríamos debater, eu não sou dono de uma verdade absoluta. A sociedade quer o povo civil armado? Não sei, o partido não quis ouvir. É um partido que ficou completamente surdo para os anseios da sociedade e aí deu no que deu.”, seguiu.
Futuro
Sem dizer os nomes dos partidos, Orlando confirmou que recebeu o convite de quatro legendas para filiação. Porém, quer focar nos estudos fora do País, assim que deixar o comando da Prefeitura. A ideia é se aprofundar em alguns temas e depois fazer uma escolha partidária.
Sobre a deputada estadual Carla Morando (PSDB), o prefeito relatou que ela ficará no partido por causa da legislação. A lei da fidelidade partidária só permite a mudança de partido para quem tem mandato no Legislativo nas janelas eleitorais e a próxima acontece entre março e abril de 2026.