Os números de prisões efetuadas no ABC neste ano, de janeiro a setembro, é menor do que as realizadas no mesmo período do ano passado. As prisões em flagrante caíram 3,08%, passando de 3.789 de janeiro a setembro de 2023 para 3.672 neste ano. Os números da Secretaria de Segurança Pública do Estado. A mesma estatística aponta alta de 8,23% na região dos homicídios e os roubos subiram em três das sete cidades, o que amedronta a população. Para especialista em segurança pública o número chama atenção, mas não é tão preocupante. A polícia nega a queda de prisões e soma as feitas em flagrante com as realizadas por mandado e chega a resultado positivo.
O ex-secretário nacional de Segurança Pública e consultor internacional na área, o coronel reformado da PM de São Paulo, José Vicente da Silva Filho, diz que a queda do número de prisões menor chama atenção, mas no ABC ainda está em um nível de equilíbrio. “A questão das prisões é relativa, pode variar para baixo, ao passo em que há menos crimes. Pesquisas mostraram que as prisões e as apreensões de armas andam em paralelo. Quando teve o massacre do Carandiru em 1992, a PM foi severamente criticada, muito mesmo, e diminuíram as abordagens nas ruas que resultavam em apreensões de armas, isso foi caindo ao passo que os homicídios foram aumentando”, aponta. No ABC, apesar da queda de prisões, as apreensões de armas aumentaram de 337 de janeiro a setembro do ano passado para 446 neste ano, alta de 32,2%. “Vejo a queda de prisões dentro da margem de estabilidade enquanto que o aumento das apreensões de armas revela que a polícia está ativa”, analisa.
Casos
No ano passado dois casos de homicídio marcaram a região. Em outubro o jovem João Vitor Félix, morreu durante a tentativa de roubo da sua motocicleta, no Parque João Ramalho, em Santo André. A polícia prendeu um dos criminosos. Do grupo que invadiu a casa da idosa Amélia Carpi Szabo, de 81 anos, em São Bernardo, e a torturou até a morte também em outubro, a policia prendeu um dias depois.
Assaltos praticados por homens em motos também são cada vez mais comuns na região. Até mesmo nas cidades mais tranquilas da região, como Ribeirão Pires, os roubos dessa forma são frequentes. Em julho deste ano moradores da Vila Suissa, ficaram apavorados pela onda de roubos de celulares por homens em motocicletas. Os moradores, na época, relataram ao RD o medo de sair de casa à noite. Não há informações de prisões destes criminosos.
O ex-secretário de Segurança Pública diz que a cada crime de repercussão que é divulgado na imprensa, a sensação de segurança diminui, mas que os números não apontam para um ambiente mais violento. “Sensação de segurança não tem nada a ver com o que os indicadores mostram. No Nordeste 2/3 da população tem o mesmo medo de crimes do que a de São Paulo, por exemplo. Isso ocorre porque veem os casos violentos na televisão, mas o fato é que os casos de extrema violência são mais raros. Veja, não se tinha notícia de um assassinato dentro de um aeroporto no país, agora todos já consideram a violência naquele local, mas antes do ocorrido, ninguém teria esse medo”, diz Silva Filho usando como exemplo a morte de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach na sexta-feira (08/11), em pleno dia, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Questionada sobre a redução do número de prisões, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo se apega ao aumento das prisões se somadas as realizadas em flagrante e aquelas por mandado. “A SSP esclarece que o número de prisões e apreensões em flagrante e por mandado aumentou 3,2% no ABC. De janeiro a setembro de 2024, foram realizadas 6.176 prisões, contra 5.984 no mesmo período de 2023, nas sete cidades da região mencionada. O número de armas de fogo apreendidas também aumentou, passando de 337 para 448, o que representa um crescimento de 32,9%. No Estado, o aumento das prisões foi de 6,5%, enquanto as apreensões de armas cresceram 25,8%. É importante destacar que o policiamento continua reforçado, com foco nas áreas de maior incidência criminal. Esse esforço das forças policiais contribuiu para uma redução de 20% nos roubos e de 4,2% nos furtos em geral em 2024. O roubo e o furto de veículos seguem a mesma tendência de queda, com redução de 24,6% e 8,1%, respectivamente, em comparação com o ano anterior”, sustenta a pasta da segurança.