O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, ganha relevância no ABC especialmente em meio à crescente busca por medicamentos, como o Ozempic, que auxiliam no tratamento da doença. Em 2023, a região registrou aproximadamente 118.804 casos de diabetes, já em 2024, são 113.820 diabéticos, uma redução de cerca de 4,2% no número total de diagnósticos, embora ainda seja novembro.
Santo André se destaca por ser o único município que apresentou aumento de casos, sendo de 33% entre 2023 e 2024 (de 21.264 para 28.283 pacientes). As unidades de saúde do município oferecem grupos multiprofissionais para orientar sobre alimentação saudável e prática de atividades físicas, além de proporcionar acompanhamento médico regular para promover o controle glicêmico.
Mauá registrou redução de 20,7% no número de casos de diabetes entre 2023 e 2024. O município contabilizou 25.481 diagnósticos em 2023 e 20.219 em 2024. Para conscientizar e prevenir novos casos, Mauá realiza campanhas no Dia Mundial do Diabetes e parcerias com escolas para incentivar hábitos saudáveis. Com o Programa Viver Bem, a cidade promove consultas regulares e autocuidado, oferecendo orientação sobre o uso de insulina e monitoramento contínuo dos pacientes.
Em São Caetano, caiu de 16.823 casos de diabetes em 2023 para 16.202 em 2024, uma queda de 3,7%. Em setembro de 2023, a cidade lançou o programa “Diabetes Sob Controle”, que distribui sensores de glicose para crianças insulino-dependentes. Além disso, as UBSs realizam busca ativa de diabéticos e promovem programas de qualidade de vida e incentivo à prática de atividades físicas.
Ribeirão Pires também apresentou queda, de aproximadamente 57,9% entre 2023 e 2024, caiu de 9,5 mil para 4 mil casos. A cidade oferece o programa “Caminhando com Saúde” e o “Grupo Hiperdia”, que proporciona atendimento especial para hipertensos e diabéticos, com prioridade em consultas e exames semestrais, além de palestras e estímulo à prática de atividades físicas.
Em 2023, 71.620 pessoas foram acompanhadas pela rede municipal de saúde de São Bernardo, que tornou cerca de 60 mil em 2024, leve queda em relação ao ano anterior. Com foco em cuidados contínuos para esses pacientes, a cidade mantém uma linha exclusiva de atendimento nas UBSs. As iniciativas incluem identificar fatores de risco, como sedentarismo e obesidade, e a promoção de grupos de nutrição e atividades físicas para estimular o controle glicêmico. O município também oferece orientações sobre o uso de glicosímetros e cuidados com a pressão arterial, para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
O levantamento não considera casos de Diadema e Rio Grande da Serra, que não informaram os dados ao RD até o fechamento da reportagem.
Obesidade
Pesquisa realizada pelo Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), do Ministério da Saúde, aponta que cerca de 30% dos moradores do ABC apresentam a doença crônica da obesidade. Os dados referentes ao ano de 2023 também mostram que, somando aqueles que têm sobrepeso, o percentual aumenta para 58,17%.
O problema ocorre há alguns anos e foi potencializado pelo período da pandemia da covid-19, momento em que muita gente deixou de fazer atividade física e passou a consumir mais alimentos industrializados ou que abusou de fast food.
Diagnóstico e prevenção
O diagnóstico do diabetes é feito por exames laboratoriais e que é necessário obter dois resultados anormais para confirmação. Em pacientes sintomáticos, com sede e fome excessivas, urina frequente ou perda de peso inexplicada, o diagnóstico pode ocorrer com glicemia capilar igual ou superior a 200 mg/dl.
“Como o diabetes é muitas vezes uma condição silenciosa, o rastreamento por exames regulares é essencial para evitar complicações a longo prazo”, comenta a endocrinologista da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Tatiana Valente. Entre os tipos de diabetes, o tipo 1 responde por 10% dos casos e é uma condição autoimune; o tipo 2, que atinge 90% dos pacientes, envolve resistência à insulina e é frequentemente associado ao sobrepeso e à obesidade.
O tratamento do diabetes inclui combinação de alimentação saudável, atividade física, apoio psicológico e educação sobre a doença. Para o diabetes tipo 1, a insulina é indispensável. Já o tipo 2 pode ser tratado com medicamentos orais, injetáveis não-insulínicos e, em alguns casos, insulina.
O manejo da obesidade e o tratamento de comorbidades, como hipertensão e dislipidemias, são cruciais para evitar complicações. “Consultas regulares e exames laboratoriais também fazem parte do acompanhamento, que além de contribuir para a melhora do paciente, acolhe e oferece tranquilidade quanto aos resultados”, diz a médica.
Houve avanços importantes no tratamento do diabetes tipo 2, como os inibidores do SGLT-2 e os agonistas do receptor GLP-1, que controlam a glicemia, hipertensão e obesidade, além de trazerem benefícios cardiovasculares e renais. A tecnologia também evoluiu, com sistemas de monitoramento contínuo de glicose e insulinas modernas que exigem menos aplicações e diminuem o risco de hipoglicemia, o que aumenta o conforto dos pacientes.
O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece medicações orais, insulinas e insumos, como seringas e glicosímetros, principalmente para pacientes com diabetes tipo 1. As UBSs garantem atendimento médico, nutricional, psicológico e promovem programas educativos. Em casos de complicações graves, há direitos adicionais, como aposentadoria por invalidez e benefícios de transporte, para pacientes com limitações severas.