ABC - terça-feira , 6 de maio de 2025

Supermercados acumulam grande prejuízo com demora da Enel para religar energia

Joanin de Ribeirão Pires até terça-feira ainda estava sem energia. Rede calcula prejuízo de meio milhão de reais. (Foto: Google)

Apesar da Apas (Associação Paulista de Supermercados) minimizar o efeito que o apagão trouxe para o setor supermercadista, no ABC, quem não estava bem preparado com geradores potentes o suficiente para garantir o funcionamento completo dos estabelecimentos, ficou no prejuízo e, para não ter os mesmos problemas, além das perdas está investindo para não depender exclusivamente da Enel para ter energia. O RD ouviu comerciantes, desde o dono de pequeno mercado,  até redes consolidadas na região como a Coop e o Joanin.

A Coop foi a menos prejudicada, segundo a assessoria de imprensa da rede, que tem 25 lojas na região, nenhuma delas foi prejudicada pois todas contam com geradores capazes de garantir o funcionamento completo da loja. A mesma sorte não teve Jonato Martins de Souza, proprietário de dois mercados no bairro Capelinha, em São Bernardo, onde a energia voltou apenas na segunda-feira (14/10), à noite, após mais de 72 horas de blecaute. Ele contou que perdeu todo o estoque de sorvetes e parte do que tinha de carnes e frios. Preocupado com os boletos que ele não conseguiu pagar porque as lojas funcionaram somente em meio período e sem poder receber no cartão ou no Pix, Souza teme em ter que reduzir sua folha de pagamento com corte de funcionários. “O prejuízo eu ainda não calculei, mas é grande. Só de juros eu vou pagar em um dia, mais de R$ 500 porque não consegui dinheiro para pagar os boletos”, diz o empresário que tem cinco funcionários.

Newsletter RD

Na rede de supermercados Joanin, outra que nasceu na região e que tem 15 lojas no ABC, os prejuízos chegaram a meio milhão de reais, e os investimentos que serão feitos para evitar que as unidades fiquem às escuras, vão aumentar ainda este montante. “Até ontem (terça-feira, 15/10) estávamos sem energia em duas lojas nossas, em Ribeirão Pires e Santo André. Estimamos que perdemos R$ 500 mil em vendas e deixamos de atender cerca de 5 mil clientes”, contabiliza Rubens Castaldelli Júnior diretor da rede supermercadista.

Castaldelli Júnior disse que não chegou a perder mercadorias porque encheu oito caminhões com produtos perecíveis e os levou para o Centro de Distribuição do grupo. “Conforme foi voltando a energia fomos voltando também as mercadorias para as lojas”, explica o empresário.

O diretor do Joanin aponta que não é mais possível confiar na regularidade da energia fornecida pela Enel, tanto que está investindo na compra de geradores potentes que possam garantir 100% do funcionamento das lojas, que inclui não só as luzes e os caixas, mas também todo o maquinário como freezers e câmaras frigoríficas. “Estamos nos programando para comprar geradores para as lojas que não têm. Antigamente não precisávamos de geradores para tocar a loja 100%, era só para iluminação, balanças e checkouts hoje em dia precisamos, por causa desses fatos de clima, ter geradores mais potentes para tocar 100 % as lojas. Vamos investir, portanto em geradores mais parrudos, mas eles custam o dobro”, completa Rubens Castaldelli Júnior, que garantiu que, apesar dos prejuízos e custos extras não vai cortar funcionários.

A Apas disse, em nota, que monitora junto aos associados, o impacto do apagão. “Como já era constatado, no entanto, o setor busca sempre estar preparado para esse tipo de situação com objetivo de atender os consumidores. Embora prejuízos pontuais tenham sido relatados, grande parte dos supermercados já possuem geradores ou contatos para aluguel imediato do equipamento. As operações, portanto, não sofreram impactos significativos, bem como as demandas dos
consumidores não deixaram de ser atendidas, apesar de alguns custos adicionais. Contratações previstas pelo setor também não serão afetadas por conta do episódio. Mesmo assim, no início desta semana, a APAS, por meio de sua consultoria jurídica que oferece aos associados, orientou os supermercados que se sentiram prejudicados com o ocorrido”, minimiza a entidade de classe.

Segundo o último boletim da Enel, divulgado na noite desta quarta-feira (16/10) 74 mil clientes da Grande São Paulo ainda estavam sem energia, mais de 120 horas após o temporal de sexta-feira (11/10). A companhia não informa por cidade, o número de clientes sem energia.

 

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes