ABC - sábado , 9 de novembro de 2024

Mancha vermelha em afluente da Billings revela concentração de matéria orgânica

Água vermelha no Ribeirão da Estiva no ponto onde ele encontra o Rio Grande, em Rio Grande da Serra. (Foto: Reprodução)

Nesta quarta-feira (25/09) o presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida do ABC), José Soares da Silva, flagrou uma mancha vermelha na água do Ribeirão da Estiva, no ponto em que este deságua no Rio Grande, que é um dos principais afluentes da Represa Billings onde água é captada pela Sabesp e abastece 1,4 milhão de habitantes na região. Para a ambientalista, bióloga e coordenadora do IPH-USCS (Índice de Poluentes Hídricos da Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Marta Marcondes, a mancha é típica de alta concentração de algas, que se proliferam em águas onde há muita matéria orgânica resultante de esgoto. Para uma análise mais detalhada a pesquisadora vai até o local nesta sexta-feira (27/09) para coletar amostras para saber se há outros poluentes nesta água.

O flagrante feito por Silva mostra a água avermelhada se misturando em contraste com a água mais escura do Rio Grande. Ele relata a preocupação sobre o que há na água e a falta de atenção da Sabesp com os mananciais. Além desta água seguir para o Braço do Rio Grande em São Bernardo, o Ribeirão da Estiva, origem da água avermelhada também tem um ponto de captação que abastece Rio Grande da Serra. O ambientalista também diz que os municípios do entorno dos rios e da represa devem se preocupar com o lançamento clandestino de esgotos nos mananciais.

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“Importante salientar que a cidade está de costas ao rio, sendo necessário os poderes públicos fazerem o levantamento das empresas no entorno e as atividades correlatas. Peixes morreram e não se tem notícias do laudo, a tubulação foi incendiada e ninguém é responsabilizado. Não retiram a tubulação queimada do rio e agora o despejo em tese de algum produto químico nas águas do Ribeirão da Estiva. Mais um possível dano ambiental,, além disso os animais continuam morrendo na tubulação, demonstrando o descaso com as águas da bacia do Rio Grande”, desabafa Silva.

Para a bióloga da USCS, com a estiagem o nível dos rios baixou e a poluição ficou mais concentrada e isso faz proliferar a quantidade de algas. “Tem muita matéria orgânica e as algas vem para fazer a decomposição dessa matéria, elas se proliferam e são elas que dão cor e mau cheiro. A gente precisa saber agora que bactérias estão nessa água porque tem bactérias que são inertes e outras que produzem toxinas. Para uma solução precisamos de mais fiscalização dos esgotos que são lançados na represa e nos rios que a alimentam e chuva que vai ajudar no nível da represa”, diz a pesquisadora.

Em nota, a Sabesp diz que não há problemas na captação de água no Ribeirão da Estiva. “A Sabesp esclarece que o local da gravação está distante da captação de água para tratamento, que segue normalmente. A Companhia monitora constantemente a qualidade da água e todas as etapas de tratamento, em conformidade com os parâmetros do Ministério da Saúde, além de realizar monitoramento sistemático nos pontos de qualidade do reservatório”, diz o comunicado.

Mas Marta Marcondes diz que falta uma preocupação da companhia com todo o manancial. “É preciso refletir que o problema não é só naquele local, essa água vai seguir o curso pelo Rio Grande e vai chegar no braço da Billings onde a água é captada, e também vai assorear e diminuir a capacidade de armazenamento”, destaca.

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