O capacitismo se refere à discriminação e o preconceito contra PcDs (pessoas com deficiência). São atitudes, práticas, formas de comunicação, bem como barreiras físicas e arquitetônicas que impedem o pleno exercício da cidadania dessas pessoas. Além de enfrentar desafios em sociedade, esse público enfrenta duros desafios na educação, principalmente quando chegam ao ensino superior e carecem de profissionais capacitados para atender as suas necessidades.
Estudar e buscar soluções para esses casos é o trabalho de Cristiane Alves Teixeira, professora do curso de Psicologia do Centro Universitário Fundação Santo André, além de coordenadora de Inclusão da PcD desde 2022 na instituição. Em entrevista ao RDtv, a docente aponta algumas etapas, desafios e soluções para a educação especial ser inclusa nas universidades para acolher e respeitar individualidades. “Notamos um aumento de pessoas que querem entrar na universidade, e portanto, como professores e gestores, precisamos avaliar as condições atuais de ensino e encontrar adaptações que atendam as PcDs”, diz.
Como responsável por encontrar soluções de acessibilidade na Fundação, Cristiane explica que existem legislações que garantem com segurança os direitos da pessoa com deficiência. Em contrapartida, esclarece que falta capacitar professores para lidarem com esses alunos e sente dificuldades em aplicar novos métodos de ensino em didáticas já tradicionais.
Além disso, a professora reforça uma necessidade, acima de qualquer estrutura acadêmica, de reconhecer a inclusão de minorias e questionar a singularidade em que cada aluno aprende a mesma matéria.
A docente, em conjunto com uma equipe focada em discutir a inclusão dentro da universidade, criou protocolos na FSA usados como ferramenta para reconhecer as necessidades de um aluno PcD, tanto para rever condições de ingresso quanto para garantir a sua permanência. “Além dos protocolos, criamos cartilhas dedicadas à conscientização geral, para evitar o capacitismo e provocar nas pessoas”, diz Cristiane. Nesse sentido, a FSA realiza eventos como a Semana da Psicologia (que ocorreu entre 26 e 30 de agosto), que debatem sobre a inclusão em palestras e atividades.
Dentre as ações para atender adequadamente o aluno PcD, a docente sugere a capacitação intensa dos docentes de todos os cursos, para entenderem não somente o que o estudante já sabe, mas como ele aprende. Para isso, sugere a intervenção já na base da formação do professor sobre educação especial, além da postura mais ativa por parte das gestões dos centros universitários para reformularem as estruturas educacionais e adaptarem o ensino ao deficiente.
Tais medidas visam, segundo a professora, evitar o capacitismo e prejudicar a vida acadêmica do PcD que deseja se graduar. “A realidade é que o Estado fornece formação para o professor, mas ele sozinho não consegue lidar com a alta demanda que surge, não somente no ensino superior mas como no ensino fundamental e médio. Apesar disso, é preciso capacitar os professores para evitar o capacitismo, e desse modo, transmitir os seus conhecimentos de maneira que o aluno entenda a mensagem”, explica.
Além de melhor aplicação das legislações voltadas à pessoa com deficiência, bem como a capacitação de professores na área de educação especial e do consentimento de gestores sobre as necessidades inclusivas de um centro universitário, para Cristiane, tudo se refere a uma quebra de paradigma, em que a carência dos desafios se fundamentam na falta de conhecimento, que por medo do desconhecido, cria-se um bloqueio que deve ser quebrado para garantir o acesso à educação por parte das pessoas com deficiência.