Apesar do fogo em mata afetar intensamente cidades do interior do Estado, a Capital e o ABC também são castigados pela seca e os incêndios, muitos deles criminosos. Ribeirão Pires e São Bernardo são os locais mais afetados, sendo que a segunda está na lista das 48 cidades em alerta máximo para queimadas no Estado. A situação é mais grave em Rio Grande da Serra, onde o número de queimadas só em agosto já superou o total registrado em 2023.
Recursos tecnológicos, reforço de pessoal, aeronaves, equipamentos, tudo tem sido usado e a temporada de queimadas não cessa pela falta de chuvas e sem previsão de precipitações com volume importante para a região nos próximos dias. Segundo previsão da Agência Climatempo para o ABC, a região só deve ter chuva e em pouca quantidade nos dias 15, 16 e 17 de setembro.
A Defesa Civil do Estado desencadeou a Operação SP Contra o Fogo e desde o dia 23 de agosto trabalha com gabinete de crise, em razão do aumento no número de queimadas. Ao todo, mais de 15 mil agentes seguem mobilizados para o combate aos focos de incêndio. Equipamentos tecnológicos ajudam na prevenção e controle, como o Mapa de Risco de Incêndio.
“O Mapa de Risco de Incêndio é um software que utiliza algoritmos para o cruzamento de dados, como umidade relativa do ar, temperatura, velocidade do vento, umidade do solo, acumulado de chuva e previsão meteorológica. A partir da análise destes dados é possível mensurar quais regiões do Estado apresentam maior risco para queimadas. Já o sistema SMAC utiliza imagens de satélites para nos indicar quais focos de incêndio encontram-se ativos no território paulista. Já a Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística tem empregado o uso de drones”, informa o governo, em nota.
O Corpo de Bombeiros não informou o número de focos de incêndio em matas na região, mas o RD tem noticiado diversas situações, e agosto já supera, em número de incêndios, o total de ocorrências do ano passado.
Em São Bernardo, no sábado 31 de agosto, um homem foi preso após atear fogo na mata na margem da Estrada Cama Patente, na região do Alvarenga. A Prefeitura diz que foram dois focos de incêndio registrados nos últimos 15 dias.
“Nos dois casos, a Defesa Civil atuou na retirada das pessoas do entorno e isolamento do local até a eliminação do foco de incêndio. Por meio do Centro de Gerenciamento de Emergências – equipado com 12 agentes treinados e dois veículos de contenção, além de equipamentos específicos para combate ao fogo –, a Defesa Civil trabalha no monitoramento territorial com vistas à prevenção de queimadas. Também são realizados, em todo o período de estiagem, avisos à população para prevenção de condutas que possam levar a incêndios florestais”, diz nota da administração.
Ribeirão Pires registrou pelo menos três focos de incêndio na última quinzena. A Prefeitura não deu mais informações sobre a situação, e na vizinha Rio Grande da Serra, a situação é bem mais crítica. Segundo o Paço, neste ano já foram 16 casos de queimadas na cidade, sendo que 11 delas somente em agosto, número superior ao registrado no mesmo mês do ano passado, quando foram seis queimadas. Em 2023 inteiro a cidade teve nove incêndios em mata. Os números refletem a gravidade do período.
Equipes realizam rondas diárias pelas áreas de encostas de represas e rodovias, por se tratar das áreas mais afetadas por incendiários. “No município não dispomos de posto de Bombeiros, a Defesa civil vem atendendo os incêndios, com uma bomba de 400 litros acoplada em um veículo”, explica a Prefeitura de Rio Grande da Serra, em nota.
Apesar do volume muito maior de incêndios, a cidade informa não registrar aumento da procura por serviços de saúde, por problemas respiratórios ou inalação de fumaça. “Por seu uma época mais seca, a demanda das unidades de saúde, neste período, aumenta mesmo, mas nada fora do previsto, até a data de hoje”, informou o município em nota enviada na quarta-feira (4/9).
Mesmo cidades sem grandes áreas de mata e sem registro de focos de incêndio sofrem com a qualidade do ar, exemplo de São Caetano, que informou não ter registrado fogo em mata, mas teve aumento da procura pelos serviços de saúde. “Houve aumento nos atendimentos a pessoas com problemas respiratórios decorrente do ar seco e maior poluição do ar: de 30% no Pronto Socorro Infantil e 40% no Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin e na UPA Júlio Marcucci Sobrinho”, diz o informe.
Santo André tem, desde 2021, o Plano de Contingência Operação Estiagem que envolve um conjunto de ações preventivas. A Defesa Civil treinou mais de 300 servidores e agentes de defesa civil comunitários, para o combate de início de incêndios em vegetação, além de campanhas educativas em escolas e redes sociais. As áreas mais críticas são Paranapiacaba e Parque Andreense, região do Parque do Pedroso e entorno, Parque do Guaraciaba e entorno, entre outras. A cidade não informou o número de incêndios registrados.
A Prefeitura de Diadema informou que não registrou queimadas nos últimos anos e Mauá não respondeu.