Na contramão de Nova York neste meio de semana, o Ibovespa interrompeu série negativa de quatro sessões e retomou o nível dos 136 mil pontos, em alta de 1,31%. O índice da B3 oscilou de mínima na abertura a 134.359,01 até os 136.838,27 pontos, na máxima do dia, e encerrou aos 136.110,73, com giro a R$ 21,9 bilhões nesta quarta-feira (4/9), em que o dólar à vista se estabilizou no patamar ainda alto de R$ 5,6397, em leve baixa de 0,01% na sessão
Na semana e no mês, o Ibovespa sobe 0,08%, sustentando ganho de 1,43% no ano. Assim, reaproxima-se da máxima histórica de fechamento na quarta-feira passada, então aos 137 mil pontos, descolado de Nova York, onde as principais referências acumulam perdas entre 1,41% (Dow Jones) e 3,55% (Nasdaq) neste começo de setembro, estendendo nesta quarta, ainda que apenas levemente no S&P 500 (-0,16%) e no Nasdaq (-0,30%), a correção da terça-feira. O Dow Jones fechou perto da estabilidade (+0,09%).
“Houve fechamento significativo na curva de juros doméstica, com otimismo do mercado que tem resultado em revisão de expectativas para o Ibovespa no fim do ano”, diz Fabrício Norbim, especialista da Valor Investimentos, destacando o desempenho de Embraer (+5,79%), impulsionado pela divulgação de compra de ações da fabricante pela BlackRock, uma das maiores gestoras globais de ativos. Logo à frente de Embraer, destaque também para o avanço de Pão de Açúcar (+9,12%) e de Marfrig (+7,46%). Na ponta oposta, IRB (-6,27%) e 3R Petroleum (-3,22%).
Entre as ações de primeira linha, com o petróleo em baixa pelo segundo dia, Petrobras fechou o dia sem direção única (ON -0,38%, PN +0,03%), mas em leve variação, descolada do bom desempenho das demais blue chips, como Vale (ON +0,78%) e Itaú (PN +0,70%) – apesar do sinal ainda negativo para o minério, na China.
No exterior, dados sobre o mercado de trabalho americano em julho – que antecedem a principal leitura oficial de agosto, a ser conhecida no payroll desta sexta-feira – mostraram abertura de vagas abaixo do esperado. O resultado não deixaria de ser uma boa notícia, em momento no qual se espera que o Federal Reserve inicie, agora em setembro, o ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, com uma redução de 0,25 ponto ou mesmo de 0,50 ponto porcentual neste mês.
Por outro lado, os agentes de mercado têm mostrado recentemente – embora em menor medida do que a observada no início de agosto – um grau maior de cautela com relação ao ritmo de desaceleração econômica nos EUA.
Contudo, se a relativa cautela com relação à maior economia do mundo leva os principais índices de ações em Nova York a uma pausa na escalada, a recuperação do fluxo estrangeiro observada na B3 desde agosto nutre a expectativa de que o Ibovespa se mantenha resiliente – em meio à percepção de que o Copom retome, em breve, a trajetória de elevação da Selic, com economia e mercado de trabalho ainda mostrando aquecimento por aqui. Nesse contexto, a arbitragem favorece a manutenção de fluxo para emergentes como o Brasil, inclusive em ações, argumentam analistas.
Dessa forma, o mais recente sumário das condições econômicas nos Estados Unidos, conhecido como Livro Bege, divulgado nesta tarde, contribui para reforçar o ponto de vista global de que o Federal Reserve poderá vir, na reunião de setembro, com uma abertura mais forte para o ciclo de redução da taxa de juros americana, efetivando um corte inaugural de meio ponto porcentual.
“O documento divulgado hoje mostrou que o número de distritos que relataram atividade estável ou em queda passou de cinco para nove no período atual. O Livro Bege indicou também que os gastos diminuíram na maioria dos distritos”, diz Felipe Castro, sócio da Matriz Capital.