
Pela terceira vez em pouco mais de um ano, a instalação de radares na rodovia Índio Tibiriçá foi adiada. O processo começou em fevereiro do ano passado, quando o DER (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo) anunciou que 13 trechos da rodovia receberiam fiscalização. Na época, a licitação estava em andamento, com abertura dos envelopes prevista para fevereiro. Desde então, o prazo foi prorrogado para o segundo semestre de 2023 e, posteriormente, para 2024, sem uma data definida para o início da instalação.
O RD questionou o DER sobre os atrasos e recebeu a resposta de que a licitação ainda está na fase de análise da documentação dos concorrentes, conforme os trâmites e prazos legais vigentes, e que a conclusão será feita “no menor prazo possível”. Enquanto isso, quem percorre a SP-031, a rodovia Índio Tibiriçá, sofre com a imprudência dos motoristas por conta da falta de fiscalização, como velocidade acima do limite, tráfego por acostamentos etc. que muitas vezes termina em óbitos.
Para se ter ideia, de janeiro a junho deste ano, em toda a extensão da via foram registrados 59 acidentes, sendo 39 destes somente nos trechos que cruzam o ABC. Do total de sinistros, o balanço do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) mostra que três resultaram em óbito, sendo dois casos no ABC.
Estado de alerta
Independente do ponto de acesso, quem trafega pela via sabe que precisa estar sempre em alerta para evitar acidentes. Isso porque a rodovia é rota de tráfego intenso de carros, motos e caminhões, além de ser uma crucial conexão entre o ABC e outros municípios da Região Metropolitana de São Paulo e do Litoral Paulista.
Neuma Andrade, comerciante no bairro Assunção, em São Bernardo, comenta que, quando a rodovia tinha radares instalados, especialmente no trecho do Caminho do Mar, onde há restaurantes, a sensação de segurança era um pouco maior para quem precisava cruzar a rodovia. “Hoje, a fiscalização é escassa. Eles mantiveram as placas de até 40 km/h, mas não há mais radares”, reclama. Neuma também considera o trecho de curvas o mais perigoso de toda a extensão. “As curvas são justamente onde há acesso aos bairros e entrada para restaurantes, então, frequentemente, ocorrem acidentes”, relata.
Na visão de Stella Amaral, de 59 anos, residente de Ribeirão Pires, a instalação de radares é insuficiente para resolver o problema da imprudência na rodovia. Stella perdeu o sobrinho em um acidente de trânsito na rotatória de acesso à rodovia, próximo ao Ramal Sapopemba, em 2014, e desde então não acessou mais a via. “Tudo por imprudência de outro motorista que havia bebido e bateu no carro dele […] Ali, a solução não é apenas a instalação de câmeras, mas a presença de mais policiais rodoviários para fiscalizar os motoristas”, defende.
Proposta para 649 pontos de fiscalização
No planejamento do DER consta a instalação de ao menos 14 pontos de monitoramento na rodovia Índio Tibiriçá (SP 031), entre os kms 35 e 67,3, medida que faz parte da licitação para contratação de radares que funcionarão em 649 pontos de controle de velocidade, com investimento previsto de R$ 202,6 milhões, para instalação nas rodovias administradas pelo departamento.