Apesar de notas acima da média nacional, as notas das cidades do ABC no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) caíram em relação a 2019, ano anterior à pandemia da covid-19. A emergência de saúde forçou suspensão das aulas presenciais, que foram substituídas por aulas on-line e que fizeram despencar os indicadores de educação em 2021. Os números referentes ao ano de 2023 mostram que não houve melhora e que em praticamente toda a região houve perdas ou nenhum avanço.
No Ensino Fundamental I, de primeira à quinta séries, no comparativo de 2019 para 2023, todas as cidades tiveram perdas na nota do IDEB, sendo que Mauá apresentou a maior queda de 0,6 ponto. No Ensino Fundamental II do sexto ao nono ano, os destaques foram para Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra que melhoraram sensivelmente suas notas, de 5,4 para 5,5 e de 5,0 para 5,1, respectivamente. No ranking do Ensino Médio, Diadema, Mauá e São Bernardo tiveram também uma melhora sutil em relação a 2019, se bem que no comparativo com 2021 houve queda de índices.
Para Claudia Costin, presidente do Instituto Singularidades e ex-diretora de Educação do Banco Mundial, diz que o ABC tem índices bons, que se destacam no Estado e no comparativo nacional, porém, avalia ela, pelo potencial econômico da região, as cidades poderiam ter resultados melhores. “No Fundamental I a região está bem, com exceção de Mauá e Rio Grande da Serra. Mesmo assim, teve uma queda em relação a 2009. O destaque fica para São Caetano que há anos tem um bom ensino”, analisa a especialista em educação.
No Ensino Fundamental II, Claudia também avalia que a região vai bem se comparada com a média nacional. “De novo, Mauá é o pior, está abaixo da média do país. Há uma queda em relação a 2019, sinal que não houve um esforço bem sucedido em recompor as aprendizagens perdidas. Ribeirão Pires é um destaque positivo tanto no Estado, pois a nota melhorou frente a 2019. No Ensino Médio destaco São Bernardo que melhorou frente a 2019. É importante lembrar que a média nacional para anos finais (Fundamental II) foi 5; nos anos iniciais (Fundamental I) foi 6 e no Ensino Médio, 4,3. Muitas das notas da região estão acima, mas o nível socioeconômico destas cidades não é baixo. Poderíamos ter um resultado bem melhor”, completa Claudia Costin.
Para Fernando Cássio. professor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) e que integra a Repu (Rede Escola Pública e Universidade), o ensino já vinha demonstrando uma queda de desempenho. “Mesmo antes do governo Tarcísio a gente já via uma tendência de queda, isso para além da pandemia e que o atual governo não conseguiu reverter. No caso do Ensino Médio, que tem um resultado pior, o Estado fez cinco alterações no currículo em quatro anos, é algo fora da curva. Não tem como sustentar uma política curricular e organizar o ensino para ter um resultado de avaliação”, avalia.
A mesma situação pode ser verificada no Ensino Fundamental, segundo Fernando Cássio. Para o especialista em educação, os métodos adotados pelo governo não contribuíram para a melhora da qualidade na educação. “Olhando para o Ensino Fundamental e Médio, as políticas são de ensino à distância, o que se faz é criar uma rotina de trabalho toda concentrada em usar plataformas e se estabeleceu um tarefismo na rede que esvazia o sentido da educação. Existe uma crença de que se conseguir treinar os estudantes para fazer as provas se consegue resultados, mas todos os esforços estão indo por água abaixo, porque reduziram a qualidade do material, a qualidade de vida dos professores e estudantes transformado-0s em preenchedores de planilhas. A avaliação em larga escala, não e uma medida de qualidade, diz algumas coisas, mas não diz tudo. Países admirados porque vão bem não estão treinando alunos, eles dão uma formação sólida. A chave é salário bom para o professor, valorização da carreira, material didático de alta qualidade, ou seja, uma série de coisas. Isso não acontece no Estado mais rico do país, então não é surpreendente que o Ideb mostre esses resultados”, completa.
Veja o resultado do IDEB, para o ABC: