Docentes e demais funcionários da Universidade Federal do ABC (UFABC) vão realizar uma manifestação na próxima sexta-feira (14/06), em São Bernardo, para demonstrar apoio ao movimento grevista que busca recuperação salarial e soluções para os problemas de infraestrutura e de número de servidores. Ação vai ocorrer no mesmo dia em que uma nova rodada da mesa de negociações acontecerá em Brasília.
A concentração começará às 9h, em frente ao Campus São Bernardo. Serão quase 4 quilômetros de caminhada até o estádio municipal 1º de Maio. A escolha do local se deu pela representatividade da praça esportiva que foi palco das manifestações grevistas dos metalúrgicos no final da década de 1970, lideradas pelo atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A categoria reivindica o reajuste salarial de 3,69% em agosto deste ano, outros 9% em janeiro de 2025 e outros 5,16% em maior de 2026. O Governo Federal sinalizou 9% em janeiro do ano que vem e outros 3,5% em maio de 2026. Além disso, não há uma definição sobre a defasagem salarial que acontece em 2016 e que iniciou o ano na faixa dos 40%, porém, caiu para 22,71% devido ao mecanismo assinado pela então presidente Dilma Rousseff (PT). Tal situação causa estranheza nos professores que consideram que houve uma mudança na postura do comando do Palácio do Planalto.
“Esse cavalo de pau dado pelo governo de primeiro dizer que iria recompor perdas passadas e depois que não ia mais, somado a essa medida que aprofundou as desigualdades do funcionalismo, sendo que toda a conversa na mesa (de negociações) de 2023 era para reduzir essas desigualdades. Para se ter uma ideia, os professores ganhavam um auxílio-alimentação de R$ 400. No Legislativo, os servidores ganham R$ 1 mil e os do Judiciário chegam a ganhar R$ 2 mil”, disse Maria Carlotto, professora de Relações Internacionais e presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal do ABC (ADUABC).
O movimento grevista começou entre os funcionários técnico administrativos, que inclusive chegaram a paralisar um trecho da avenida dos Estados, em Santo André, nesta terça-feira (11/06). Os professores entraram nesta ação em 29 de abril. Além do reajuste salarial, há reclamações sobre o “cobertor curto” do orçamento.
O valor para o custeio dos campi e das bolsas dos alunos é considerado baixo. Mesmo com o anúncio de novos investimentos de R$ 5,5 bilhões para a construção de novos equipamentos, sendo R$ 280 milhões para custeio, a categoria segue considerando que não há dinheiro suficiente para manter toda a infraestrutura. Além disso, também é reclamada a falta de funcionários, principalmente os técnicos, o que vem sobrecarregando os docentes. Tal cenário vem potencializando a greve.
“O que mobiliza muito os nossos professores é um sentimento de indignação. Quando batemos na porta do governo e recebemos um não no processo de negociação para um reajuste, isso toca muito fundo na nossa concepção. Não é só uma questão salarial, não é uma questão, digamos, só da nossa cooperatividade, mas é uma questão da própria dignidade que nós temos. Se é um governo que diz que a Educação é tudo e diz que valoriza a Educação, não há como não valorizar seus professores”, diz Silvio Carneiro, professor de Filosofia da UFABC.