
Em 10 anos o número de acidentes com balões no Polo Petroquímico de Capuava caiu 74%, porém o tema ainda preocupa as empresas, que já iniciaram mais uma Campanha do Balão. A ação é organizada pelo Cofip ABC (Comitê de Fomento Industrial do Polo do ABC) e o PAM (Plano de Auxílio Mútuo), com apoio da Defesa Civil e do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). O Polo chegou a registrar 207 quedas de balões somente dentro de seus limites. Em maio foram apenas dois registros, mas as equipes de brigadistas, compostas por 1,2 mil profissionais, monitoram em turnos para observação 24 horas por dia.
Os meses de maio, junho e julho são os de maior incidência destes acidentes que, dentro de um complexo como o de Capuava, pode tomar grandes proporções. Principalmente porque este é o período de tempo mais seco do ano. Em 2023, foram contabilizadas 31 quedas de balões na região do Polo, uma diminuição de 34% em comparação ao ano anterior, quando foram registradas 47 quedas.
O Polo Petroquímico conta com um sistema de câmeras, porém é o olho humano que detecta a ameaça que vem do céu. Segundo o coordenador do PAM de Capuava, Valdemar Conti, o trabalho é essencialmente feito por pessoas. “Chegamos até a colocar câmeras térmicas, mas não deu muito certo, então os nossos brigadistas, principalmente nesta época do ano, ficam o tempo todo olhando para o céu. Em qualquer avistamento é feito um alerta através de um sistema de rádio. Se a trajetória de queda aponta que ele pode cair dentro de alguma das empresas do Polo são acionados todos os brigadistas e viaturas que são equipadas com canhões de água. Se o balão for pequeno dá para pegar quando ele cai, mas se for muito grande, e tiver lanternas, as viaturas usam o canhão e o abatem no ar mesmo. Esses canhões têm capacidade de lançar água em alta pressão até 50 metros de altura”, explica.
Como as instalações do Polo são estanques, os acidentes com os balões podem ocorrer quando um determinado produto está sendo transferido para um caminhão, por exemplo. “É como quando estamos abastecendo o veículo e a emissão de gases inflamáveis está presente. Neste momento pode ocorrer o acidente. No Aeroporto de Guarulhos, recentemente caiu um balão sobre uma aeronave que estava sendo abastecida, um risco grande de um acidente que felizmente não aconteceu”, explica Conti.

O coordenador do PAM explica que o risco ocorre também quando os balões caem sobre áreas com vegetação dentro do Polo, com isso há incêndio nesta mata e aí com essas chamas mais fortes as instalações podem ser atingidas.
Desde 2018 o Polo Petroquímico faz a Campanha do Balão com folderes, distribuídos, principalmente, em escolas municipais e estaduais para a conscientização das crianças sobre os perigos da soltura de balões. “A gente faz esse alerta para as crianças e a cada ano a tiragem de material informativo aumenta. Tentamos fazer com que essa garotada não entre nessa. Quanto aos baloeiros, não adianta falar, eles são um caso de polícia, são organizados e não se importam com as vidas. Eles costumam seguir os balões e quando estes caem invadem propriedades para recuperar todo ou parte do equipamento. Já chegaram a entrar em uma das empresas do Polo, há dois anos, mas se machucaram e ainda tivemos que socorrê-los”, recorda-se Valdemar Conti.
Esse monitoramento do céu sobre o Polo Petroquímico ocorre 24 horas por dia. Mesmo empresas que não funcionam ininterruptamente mantém ao menos um brigadista de plantão sempre se comunicando em rede de rádio com os demais. “Mesmo quando acontece alguma queda de balão em mata fora do Polo, o Corpo de Bombeiros aciona o nosso PAM. Da mesma forma quando o pior acontece e temos que acionar todo o aparato de emergência o Cofip tem um canal com os conselheiros, que são moradores das comunidades do entorno que recebem alertas e que têm orientação para saber como agir”, explica Conti.
Desde fevereiro de 1998, a fabricação, comercialização, transporte ou liberação de balões são consideradas condutas delitivas, sujeitas a penalidades que podem resultar em até três anos de detenção, conforme estipulado na lei federal 9.605 (Lei de Crimes Ambientais).