ABC - sexta-feira , 2 de maio de 2025

Doenças respiratórias lotam unidades de saúde públicas e privadas no ABC

Pronto atendimento dos hospitais está cheio de pessoas com sintomas de gripe e a sobrecarga ocorre nos hospitais públicos e privados (Foto: Pedro Diogo)

Hospitais e unidades de Saúde públicas e privadas do ABC mal se recuperam da demanda de atendimento dos casos de dengue e continuam superlotados. Desta vez por doenças do aparelho respiratório, como influenza e da SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave). As prefeituras da região informam que a demanda de atendimento está maior no geral, principalmente em pediatria.

Para a médica do Gepraps/FMABC (Grupo de Estudos e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária da Faculdade de Medicina do ABC), Renata Silva Santana, é possível cuidados em casa para aliviar sintomas se estes não forem tão graves. Mas é preciso atenção com crianças, idosos e portadores de doenças crônicas, como asma e hipertensão, que precisam de acompanhamento médico.

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Pesquisa divulgada pelo SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo), realizada entre 3 e 13 de maio, com 89 hospitais privados paulistas, sendo 67% da Capital e Grande São Paulo e 33% do interior, mostrou que 96% registraram aumento de internações de pacientes por dengue e SRAG.

No serviço público a situação não é diferente. Diadema, por exemplo informou que entre março e abril a procura pelos serviços municipais de saúde aumentou 15% por pacientes adultos e 84% foi a alta de atendimento de crianças, no comparativo como registrado em fevereiro deste ano. O atendimento a esses casos é feito, na sua maioria, por médicos generalistas, já que a cidade dispõe de um pneumologista. Diadema não tem pacientes internados com SRAG.

São Bernardo informa que 30% da demanda nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) referem-se a algum sintoma de síndrome respiratória, percentual que a administração municipal considera normal para o período do ano. A cidade possui seis médicos pneumologistas na rede. A oferta é de 350 consultas mensais nesta especialidade. De janeiro a maio de 2023, foram contabilizadas 501 internações por SRAG e neste ano, no mesmo período, foram 349. Neste momento, 11 leitos são ocupados com pacientes em decorrência da doença.

São Caetano diz que, na somatória do atendimento básico e do hospitalar, houve sensível aumento de 2,25%, se considerados os meses de abril e maio deste ano comparados com o mesmo período do ano passado. A Prefeitura conta, ainda, que foi percebida alta de 20% no atendimento infantil no mesmo período de comparação. Atualmente ,a cidade tem cinco internados com doenças respiratórias, três delas crianças.

Em Santo André não há internados com doenças respiratórias. Mas a cidade também não tem pneumologistas, pois segundo nota do paço andreense, o atendimento é feito por clínicos gerais. A cidade não informou os números de atendimentos. As cidades de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra também não informaram.

Onde e quando procurar ajuda

Para a médica da FMABC e que também atua no Ambulatório Multidisciplinar da Saúde Respiratória de São Bernardo, quem estiver com sintomas gripais mais sérios deve procurar uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). As UBS (Unidades Básicas de Saúde), por outro lado devem ser procuradas para consultas de rotina e coleta de exames. Com sintomas leves, o tratamento pode ser feito em casa principalmente com bastante hidratação.

“Diante de sintomas gripais leves, deve-se cuidar em casa com boa hidratação (água, sopas, caldos, chás), alimentação leve e natural, repouso, lavagem nasal e tomar 15 minutos de sol diariamente. Na maior parte dos casos, esses cuidados serão suficientes para superar o quadro gripal. Deve-se procurar o serviço de urgência (UPA) se apresentar: falta de ar, desconforto respiratório, febre persistente (mais de 24 horas), vômito ou diarreia com sinais de desidratação (como fraqueza, sonolência, dor de cabeça e tontura ao se levantar), bem como chiado no peito, tosse persistente com comprometimento do estado geral”, explica Renata Silva Santana.

Segundo a médica, apresentam maior risco os pacientes portadores de doenças crônicas, como asma, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), diabetes, hipertensão arterial, obesidade, os imunossuprimidos, bem como idosos acima de 60 anos, gestantes, puérperas e crianças menores de cinco anos, devendo-se ter maior atenção aos sinais e sintomas em pacientes desse grupo.

Pacientes crônicos contribuem muito para a superlotação das unidades médicas nesta época do ano pois a condição climática favorece crises, bem como afeta também os pacientes não crônicos, já que com o frio a transmissão de gripes e até da covid-19 é maior por conta que os locais ficam mais fechados. “Asma (mais conhecida como bronquite, bronquite alérgica ou bronquite asmática), rinite, sinusite, conjuntivite, dermatite atópica, todas podem apresentar crises mais sérias no outono e inverno, seja pelo frio, seja pelo clima mais seco, ou mesmo pela piora da qualidade do ar, devido a intensificação da poluição, dando destaque às doenças respiratórias, que causam maior procura aos serviços de urgência e emergência nesse período”, explica a médica.

“É importante frisar que as crises asmáticas, também chamadas de crises de broncoespasmo, podem ser graves e até mesmo fatais, sendo uma das maiores causas de procura aos serviços de urgência nesse período do ano. Por isso, sugiro que todo portador de asma faça um bom acompanhamento com seu médico e mantenha seu tratamento em dia para não sofrer crises e para manter melhor qualidade de vida”, orienta Renata.

Vírus

Os dias mais frios e a concentração de pessoas em locais mais fechados favorece a transmissão do vírus Influenza e a prevenção é a mesma que foi amplamente divulgada durante a pandemia da covid-19. “A transmissão se dá de forma direta, através de secreções respiratórias de uma pessoa contaminada ao espirrar, tossir, ou ao falar, ou indireta, pelo contato das mãos em superfícies contaminadas por secreções de algum indivíduo portador do vírus.

Sendo assim, previne-se a contaminação ao preferir ambientes abertos e ventilados, pelo uso de máscaras cobrindo nariz e boca (caso seja necessário frequentar um ambiente fechado, pouco ventilado ou com aglomeração de pessoas), além de se manter boa higiene das mãos. Somam-se a esses cuidados o hábito de hidratar-se bem, alimentação natural e adequada, manutenção de atividades físicas regulares, banho de sol regularmente, bem como agasalhar-se adequadamente nos dias frios”, explica a médica da FMABC.

Casa

Pacientes com doenças crônicas podem evitar crises com cuidados básicos em casa. Segundo Renata, pó, mofo, cigarro favorecem as crises. É importante cuidar da limpeza dos cômodos e objetos com pano úmido, evitar uso de vassouras e espanadores para não espalhar a poeira; evitar uso de produtos de limpeza com odor forte; tratar locais que tenham mofo, evitar fumaça de cigarro, cigarro eletrônico, narguile ou queima de lenha, além de fazer lavagem nasal com soro fisiológico morno 1 a 2 vezes ao dia e manter as mãos higienizadas são formas de prevenir doenças respiratórias. “E vale ressaltar a importância de cessar o hábito de fumar, no caso dos tabagistas, evitando não só rinite e sinusite, como também o desenvolvimento de DPOC ou mesmo de câncer de pulmão, laringe, língua, boca, nariz etc”, diz.

Hidratação

Crianças e idosos são mais sensíveis ao tempo mais seco desta época do ano e são mais facilmente acometidos pela desidratação. “É muito importante umidificar o ambiente quando o clima estiver seco, hidratar-se com maior frequência, bebendo mais água e maior atenção aos cuidados com a pele, lavar o nariz com soro fisiológico morno, utilizar colírio lubrificante, evitar aglomerações e locais fechados ou mal ventilados, bem como cuidar bem da higiene das mãos, além do cuidado de se agasalhar adequadamente”, completa a médica.

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