Visando melhorar a qualidade de vida e bem-estar de funcionários, foi aprovada a Lei 14.831/2024, que certifica com validade de dois anos empresas que promovem a saúde mental. Em entrevista ao RDtv, o médico psiquiatra e professor do Centro Universitário FMABC, Arthur Guerra, comenta sobre a iniciativa que cria um estímulo voluntário nas empresas para melhorar as condições de trabalho, a fim de entenderem a importância de lidar com o problema pela raiz.
A realidade é que o estresse no trabalho ocorre desde sempre. Porém, com o surgimento da pandemia provocada pela Covid-19, muitos dos sintomas que prejudicam a saúde mental foram intensificados, assim como explica Guerra. “A pandemia nos tirou da nossa zona de conforto, causando isolamento, ansiedade e medo. Quando encerrou o período, achávamos que isso reduziria, mas não só persistiu como aumentou os casos”, diz. A necessidade da alta produtividade e a angústia causada pela falta de foco são causas frequentes que perturbam a saúde mental dos colaboradores.
Desse modo, as empresas possuem papel importante na prevenção de surgimento de problemas mentais como a Síndrome de Burnout (exaustão extrema). “Algumas empresas possuem selos e certificações de boas práticas, mas pouca coisa fazem. A certificação aprovada pela lei chega para reforçar a importância da empresa se importar com a saúde mental dos seus empregados”, comenta Guerra. O médico reforça a ideia de que não é o gestor, líder ou diretor que conseguirá resolver o problema do seu funcionário, mas que ele tem o papel de identificar possíveis sinais que indiquem o surgimento de um transtorno e indicá-los para o médico responsável. Entre os sintomas evidentes estão: faltas sucessivas, dores pelo corpo, cansaço e diminuição no rendimento.
“A questão é que parte das empresas ainda tem preconceito e não levam a saúde mental a sério. Isso faz com que líderes não tenham a noção do seu papel naquele espaço, ocorrendo até de sobrecarregarem esse mesmo gestor, sendo assim um problema que a empresa provoca por falta de iniciativa”, comenta Guerra.
Segundo ele, é importante entender que todos os funcionários de uma empresa precisam de apoio psicológico. O colaborador de cargo mais baixo tende a se sobrecarregar por medo de perder seu emprego, acumulando trabalhos e se isolando, assim como gestores e diretores, que por vezes se submetem a manter uma postura de liderança ao invés de buscar ajuda em momentos de pressão e ansiedade.
Para Guerra, formação acadêmica não é suficiente para enfrentar um mercado de trabalho que requer proatividade e determinação. “De modo algum podemos desvalorizar as formações acadêmicas e experiências profissionais na hora de procurar um emprego. Mas é uma tendência do mercado, em que pessoas com maior inteligência emocional são mais procuradas pelas empresas”, diz.