ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Sindicato dos Químicos do ABC quer Alckmin em negociação com a Basf

A demissão de 150 trabalhadores do setor de tintas automotivas da Basf, em São Bernardo, segue em debate no Sindicato dos Químicos do ABC. Ao RDtv desta segunda-feira (01/04), o presidente da entidade sindical, José Evandro, apontou a tentativa de fazer com que o Governo Federal, a partir do vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDICS), Geraldo Alckmin (PSB), possa participar das negociações junto à matriz alemã da empresa.

A busca por um apoio da União nestas negociações começou há algumas semanas com uma reunião em Brasília. Nesta segunda, em São Bernardo, o Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), também conversou com Evandro, o secretário de Administração do Sindicato e trabalhador da Basf, Fabio Lins, e o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC e secretário executivo do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Aroaldo Silva, sobre o assunto.

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Segundo o sindicalista há apoio Federal para buscar uma solução sobre o tema, mas a ideia é que a participação de Alckmin seja direta nas conversas com a matriz na Alemanha. Além de reverter a situação dos demitidos, o Sindicato visa retomar o pagamento sobre a periculosidade, algo que foi retirado no ano passado, sem que houvesse um contato prévio com o Sindicato dos Químicos para negociação.

Aliás, José Evandro relata que há alguns anos não há um bom entendimento na relação da empresa com o Sindicato dos Químicos do ABC. Nas últimas semanas, segundo o sindicalista, representantes da Basf tentaram convencer os trabalhadores de que a entidade sindical não queria negociar, algo que foi desmentido prontamente.

Evandro entregou para Marinho um documento do Dieese provando que o cenário econômico é favorável para que a Basf volte ao pagamento sobre a periculosidade (Foto: Reprodução/RDtv)

“O que pedimos é respeito com esse processo, se não qualquer multinacional que chega no Brasil vai usufruir de todos os benefícios, e a Basf usa o Reiq que é o Regime Especial da Indústria Química. Tem isenção na folha de pagamento e na hora de cumprir uma das contrapartidas que é manter os postos de trabalho, ela não cumpre”, disse Evandro.

Atualmente os trabalhadores da Basf estão em estado de greve e uma paralisação na planta de São Bernardo não é descartada. José Evandro relata que houve alguns contatos com a matriz na Alemanha e agora se aguarda um novo posicionamento sobre as demissões e a periculosidade.

Enquanto isso a entidade sindical ainda tenta entender todo o cenário. A “surpresa” com as demissões aumentou com a justificativa da empresa de que o setor de tintas automotivas estava “dando prejuízo” e por isso resolveu fechar o setor em todas as unidades na América Latina.

Porém, o Sindicato dos Químicos do ABC questiona sobre a decisão após um anúncio de investimento de mais de R$ 100 bilhões no setor automotivo para os próximos anos, o que na visão da entidade não dá base para demissões neste momento.

Nota da Basf

Por meio de nota enviada ao RD dia 3 de abril, a Basf diz que “Com base em uma análise consciente da dinâmica da indústria automotiva, a companhia decidiu encerrar sua operação de pintura automotiva na América do Sul em até 18 meses. A empresa continuará atendendo a indústria automotiva com foco em repintura de soluções automotivas, plásticos de engenharia, espumas funcionais e aditivos para combustíveis e lubrificantes, entre outros produtos. Além disso, a marca Chemetall, que fornece soluções tecnológicas e sistemas personalizados para tratamento de superfícies, continuará operando e atendendo a todos os clientes. 

A unidade de Tortuguitas, na Argentina, permanecerá com atividades relacionadas à repintura automotiva, serviços administrativos e técnicos o negócio de produtos químicos de cuidados pessoais e domésticos, além do Centro de Treinamento de Repintura (RCC). A unidade Demarchi, no Brasil, continuará sendo o principal local de produção, logística e pesquisa e desenvolvimento de tintas decorativas, comercializadas sob as marcas Suvinil & Glasu! e o negócio seguirá operando normalmente, sem alterações. 

Como líder global na indústria química, a Basf está presente na América do Sul há mais de 110 anos, e continuará investindo na região em suas Operações, Pesquisa & Desenvolvimento, Inovação e Sustentabilidade para desenvolver as melhores soluções que contribuam para o sucesso dos mais diferentes setores industriais da região. A empresa opera com 11 divisões de negócios que estão agrupadas em seis segmentos – Produtos Químicos, Materiais, Soluções Industriais, Tecnologias de Superfície, Nutrição e Cuidados e Soluções Agrícolas, que não serão afetadas por essa decisão. 

A Basf não poupará esforços para garantir que o impacto sobre seus colaboradores e colaboradoras seja o menor possível, e tratará a redução do número de postos de trabalho de forma socialmente responsável, envolvendo os representantes dos trabalhadores sempre que necessário. 

Como parceira de longo prazo da indústria automotiva, a Basf desenvolverá um plano detalhado e cuidadoso de encerramento gradual junto com seus clientes, garantindo o cumprimento dos contratos antes de fechar suas operações, em até 18 meses”.

 

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