Campos Neto/Selic: posição de diretores sobre reduzir corte não é especificamente sobre junho

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, explicou nesta quinta-feira, 28, que a posição, manifestada por alguns diretores da autarquia, sobre a necessidade de reduzir o ritmo do ciclo de flexibilização monetária não se refere especificamente à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para junho, nos dias 18 e 19.

Como revelado na última ata do Copom, referente à reunião da semana passada, alguns membros do colegiado argumentaram que, se a incerteza permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de corte de juros pode se tornar apropriado.

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Nesta quinta, na coletiva à imprensa do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), Campos Neto disse que esse trecho da ata decorre da intenção do BC de aumentar a transparência dos debates que acontecem no Copom. Ele esclareceu que a discussão sobre o ritmo se deu em torno do horizonte, e não especificamente sobre a reunião de junho.

“Houve um questionamento sobre o ritmo e o caminho do ciclo que nos levaria mais longe e com maior certeza”, comentou o presidente do BC.

Ele pontuou que quando se refere na ata a “alguns membros”, o BC está indicando que o argumento foi colocado por dois ou mais de seus diretores. Campos Neto enfatizou que, ainda que em uma reunião longa os diretores do BC não convirjam em todos os temas, as decisões do Copom, incluindo a última, têm sido unânimes.

“O Copom não está dividido, a decisão foi unânime. Tentamos abrir na ata um debate sobre visões futuras, em que existiam opiniões diferentes”, comentou o presidente do BC. “A gente tentou ser mais transparente”, reiterou.

Campos Neto reforçou a visão no BC de que as incertezas, tanto domésticas quanto externas, aumentaram, o que leva a autoridade monetária a ser mais dependente de dados. Apesar disso, ele disse que o cenário base do BC não mudou substancialmente.

Ao falar sobre a retirada, motivada pelas incertezas, da indicação sobre o ritmo de corte de juros a partir de junho, o chamado forward guidance, o presidente do BC afirmou que o instrumento tem benefícios, mas também custos. A vantagem, explicou, é guiar as expectativas do mercado quando há convicção sobre o ambiente econômico. Por outro lado, quando as incertezas aumentam, o valor do forward guidance diminui, trazendo também um custo para o BC mudar a sua comunicação no meio do caminho, ponderou.

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