
Carlos Alberto Santana Junior, de 36 anos, carrega uma história de muitos desafios e superação. A última delas ocorreu dia 12 de março, quando subiu ao palco para receber seu diploma de ensino superior na Universidade Metodista de São Paulo. Ele se formou em Teologia na modalidade a distância mesmo sendo surdocego.
Durante a cerimônia, Carlos Alberto teve auxílio de duas intérpretes e, por meio de batidas dos pés do auditório, sentiu a vibração de todos. Surdocegos enfrentam barreiras mais abrangentes na comunicação, no acesso às informações, na interação com o meio e na orientação e mobilidade. Por isso, durante todo o curso na Metodista, ele foi apoiado pelo método de comunicação háptica, em que a comunicação se dá por meio de toques no corpo – braços, mãos, costas e pernas.
Carlos Alberto é massoterapeuta e Teologia é seu primeiro curso superior. A cegueira o atingiu progressivamente, por isso foi se preparando com o apoio da família. Começou a estudar mais intensamente a linguagem de sinais e a comunicação háptica ao longo do processo.
Ensinar os outros
“Como pessoa com surdo-cegueira, posso ensinar e ajudar outras pessoas como eu. Foram diversos os desafios, mas também me sinto muito feliz com a oportunidade de ter uma guia intérprete que me auxiliou durante todo o curso. As barreiras surgiram, mas sem dúvida com toda a adaptação, com todo esforço, com todo o trabalho de comunicação social háptica, com a guia interpretação, consegui superar todas as dificuldades”, afirma o formando.
Elaine Vilela, coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da Metodista, contou que conheceu Carlos quando entrou no Mestrado e começou a aprender a comunicação na surdocegueira. “Ali me interessei pela comunicação social háptica e fui estimulada a aprender mais. Para o Núcleo de Acessibilidade da Metodista, a formatura do Carlos Alberto é um marco. É o primeiro teólogo surdocego formado em todo o Brasil. A Metodista foi privilegiada em fazer parte desse processo”, declarou.