
De acordo com a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), o transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo e a predisposição genética é um dos principais fatores de risco. No ABC, duas cidades registraram, somente este ano, 297 casos de bipolaridade, doença classificada como um dos principais transtornos diagnosticados nos consultórios de saúde mental.
Até 20 de março, São Caetano registrou 276 atendimentos psiquiátricos de pacientes com principal hipótese diagnóstica de transtorno afetivo bipolar (TAB), número que corresponde a praticamente 1/4 dos registros de 2023, quando 1.070 pacientes foram diagnosticados com a doença. Já em Ribeirão Pires, 21 pessoas foram diagnosticadas este ano, número cinco vezes menor se comparado ao total de 2023, quando 123 pessoas foram contabilizadas com TAB.
Santo André, Mauá, Diadema e São Bernardo não souberam informar o número de diagnósticos de pacientes com transtorno bipolar, mas relataram manter serviços ativos na área de saúde mental e sem fila de espera, com acolhimento, consultas e exames. Mauá, São Bernardo e Rio Grande da Serra não responderam.
Histórico familiar de depressão, alcoolismo, transtornos de ansiedade e uso de drogas ou da própria bipolaridade, principalmente quando apresentada por ambos os genitores (pai e mãe biológicos), são fatores de risco. O diagnóstico é baseado em história clínica no qual o profissional identifica no pacientes períodos em que o sistema nervoso está desativado ou ativado acima do normal. Para isso, existe a separação entre o transtorno bipolar dos tipos 1 e 2, que podem ser diferenciados de acordo com a intensidade.
Segundo Diego Freitas Tavares, psiquiatra e coordenador do Programa de Transtornos Afetivos da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), todos os transtornos bipolares têm episódios de depressão com a manifestação da depressão sendo um dos sintomas bastante comum. “Por isso, esse transtorno é muito confundido com a depressão clássica”, explica ao afirmar que, para comprovar a doença, é importante verificar se em algum momento da fase do indivíduo existe a aceleração ou o chamado episódio maníaco.
No Tipo 1, que acomete até 2% da população, Tavares explica ser comum uma crise que demonstra que o indivíduo está totalmente diferente do que é, com humor elevado, alegria excessiva ou irritabilidade, além de aumento de energia, impulsividade ou pensamento acelerado que gera a agitação motora. “É uma fase que pode fazer com que o indivíduo fique, inclusive, fora da realidade e veja até alucinações”, comenta.
Já no Tipo 2, na forma mais comum de aparecer, são vários os episódios de depressão e de ativação da doença não só em forma de crise, mas de acúmulo de energia em que a pessoa se confunde e acredita ter se curado da depressão. “O paciente não identifica como uma fase anormal, mas sim num alívio de ‘cura da depressão’, mas ao investigarmos, percebemos que a pessoa está acelerada, com algo elevado, um aumento de energia, aceleração mental e impulsos a fazer mais coisas”, explica Tavares ao citar que a pessoa pode ficar mais ativa e fazer mais coisas por impulsividade.
Quais são os sinais?
Sinais depressivos que oscilam com agitação, irritabilidade, falar mais do que o normal, impulsos para gastar, para fazer uso de substâncias, brigas, impulsos para mais exercícios físicos do que o comum ou algum outro tipo de impulsividade que depois se transforma em uma depressão, são sinais. Importante lembrar que não há cura, mas controle da doença.
Para isso, a indicação é buscar ajuda de um psiquiatra que realiza exames no cérebro e verifique a manifestação de algum transtorno mental ou ativação que pode ter sido acarretada de alguma outra doença.
Atendimento na área de saúde mental
Se contabilizada a quantidade de atendimentos realizados pelas equipes de saúde mental nas cidades de Santo André e São Caetano, em suas mais diversas áreas, foram realizadas 32,2 mil consultas este ano e outras 27,3 mil no ano passado, o que representa alta de 17,9% na procura. As demais cidades não forneceram os dados.